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Investimento privado é essencial para melhora das condições educacionais da população preta e na promoção da equidade racial no mundo corporativo

Organizações sociais e empresas podem atuar ativamente para reverter a desigualdade entre pessoas pretas e brancas, segundo debates da 2ª Conferência Empresarial ESG Racial

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Existem leis no Brasil que preveem cotas raciais para acesso à educação e que tornam obrigatório o ensino da história afrobrasileira nas escolas. Mas contar apenas com legislação não é suficiente para que a população preta tenha melhor acesso a educação e oportunidades no mercado de trabalho: é essencial que as empresas e organizações privadas também fomentem essa agenda. Esse foi o mote da 2ª Conferência Empresarial ESG Racial, realizada pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial nos dias 29 e 30 de novembro em São Paulo.

O evento foi organizado para cerca de mil pessoas, com aproximadamente 500 empresas participantes e contou com patrocínio da ANBIMA, que é apoiadora do Pacto – o fortalecimento das nossas iniciativas de diversidade e inclusão é parte da agenda estruturante do ANBIMA em Ação, conjunto de atividades que elegemos como prioritárias para o biênio 2023/2024.

Com o tema “Investimento social privado em educação – Caminhos para transformação social”, a conferência ressaltou dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, que mostram que há uma lacuna de dez anos que separa pessoas pretas e brancas no ensino médio. Segundo dados de 2022, 18% das pessoas pretas de 18 a 24 anos estavam cursando o ensino superior no Brasil. Entre os brancos da mesma faixa etária, o percentual era de 35%. Dos 9,5 milhões de jovens de 14 a 24 anos que estão fora do sistema educacional, 70% são pretos e 27% são brancos. Um desafio adicional é o fato de ainda serem escassas as estatísticas com recorte racial quando se trata de educação.

+ Mercado de capitais tem papel central no financiamento da agenda antirracista e no engajamento dos investidores

Nesse sentido, o papel das empresas é o de promover ações afirmativas e programas efetivos para, além de combater a desigualdade racial na educação, evitar que essa tragédia seja replicada nos quadros funcionais. Essa é, inclusive, uma das bandeiras do Pacto, iniciativa que se dedica a desenvolver um Protocolo ESG Racial que leve essa questão ao centro do debate econômico e às estratégias das empresas.

“É preciso entender a realidade da população preta sob uma perspectiva também econômica. Não dá para colocar band-aid em fratura exposta”, destacou Vitor Del Rey (foto), presidente e fundador do Instituto Guetto, organização que cria alianças antirracistas para promover mobilidade social por meio da educação.

Victor Del Rey é um homem preto, tem os cabelos crespos e a barba preta, está vestindo uma camiseta e um casaco brancos e uma calça azul. Está sentado em uma cadeira de madeira e segura um microfone perto do rosto.

Da educação ao mundo corporativo

São diversas as ações direcionadas à melhora do acesso da população preta ao mundo corporativo via educação, como as da mineira Fundação Dom Cabral, eleita a sétima melhor escola de negócios do mundo. Segundo Tatiana Santarelli, fundadora e CEO da TeamHub e professora da Fundação, a instituição tem a educação social na sua estratégia desde 2020, o que facilita a inserção dos pretos na educação executiva e aumenta as chances desses alunos de serem contratados. Esse tipo de iniciativa ajuda a derrubar o falso argumento usado por algumas empresas de que não contratam pretos por não encontrarem profissionais qualificados nesse recorte.

Na outra ponta, as empresas devem se sensibilizar para entender a complexidade da questão racial no Brasil e para adotar práticas e processos que permitam a chegada das pessoas negras  ao quadro de colaboradores — principalmente a cargos de liderança. “É necessário um conjunto de ações por parte das empresas, somando vagas afirmativas e preparação das equipes de seleção para entenderem a questão racial. As empresas precisam agir diante dessa agenda da mesma forma como agem nos próprios negócios”, comentou Miguel Castilho (foto), gerente nacional na Oracle Academy no Brasil.

Miguel Castinho é um homem negro, com dreads e barba pretos, veste uma camisa de manga longa na cor marrom claro, uma calça azul e tênis bege. Está sentado em uma cadeira de madeira, com a perna apoiada sobre o joelho e segura um microfone perto do rosto. Ele gesticula enquanto fala.

Letramento racial

O caminho ainda é longo, mas existe uma quantidade crescente de empresas em busca de letramento sobre a questão da equidade racial, afirmou Alberto Cordeiro, sócio da McKinsey & Company Brasil. Segundo ele, a cada dia mais organizações estão interessadas em consultoria para endereçarem esse ponto da porta para dentro. “Para orientar essas empresas, nos baseamos em três pilares: conscientização dos líderes, mudanças em processos e sistemas e capacitação”, detalhou.

Abrir espaço para pessoas pretas assumirem posições de liderança tende a agilizar a implementação da agenda de equidade racial, à medida que líderes pretos têm a empatia necessária para lidar com a questão. “É preciso que os pretos deixem de ser apenas o público impactado pelas políticas e ações sociais com recorte racial. Eles devem ocupar também os espaços de decisão”, defendeu Marisa Santana, gerente de Impacto Social e ESG no Nubank.

Intencionalidade

Está evidente que as empresas precisam se mexer, mas com o cuidado de agir com intencionalidade. Ou seja, devem ser genuínas nas práticas e ações antirracistas, como observou o advogado Fabiano Machado, sócio fundador do escritório PMR, com atuação no segmento de compliance.

“As empresas devem entender que têm culpa quando não compreendem a estrutura do racismo”, disse. Para ele, uma atuação saudável das organizações na questão racial passa por algumas etapas: combater a falsa oposição entre valores e potencial de geração de lucros, compreender que não existe ESG sem o “S” e não pensar esse “S” apenas do ponto de vista da filantropia. “O C-level das empresas precisa estar convencido de que a questão da equidade racial é também uma questão do negócio”, ressaltou.

Essa percepção não é apenas local: a experiência internacional também mostra a necessidade de sensibilização dos altos escalões. “Nosso desafio enquanto profissionais pretos que já chegaram ao mundo corporativo é ajudar os líderes brancos a entender seus papéis nessa dinâmica. Eles precisam realmente ter intenção quando olham a agenda de equidade racial”, pontuou Byna Elliott (foto), head de Advancing Black Pathways do banco JPMorgan.

Bryna Elliot é uma mulher preta, de cabelos castanhos ondulados e curtos. Está usando um vestido marrom com listas brancas, um colar comprido com pérolas brancas e brincos de pérolas. Tem um headset no pescoço e segura um microfone perto do rosto, enquanto gesticula com a outra mão. Está sentada em uma cadeira de madeira.

Assista à II Conferência ESG Racial na íntegra:

Conheça o ANBIMA em Ação

ANBIMA em Ação é o conjunto das principais iniciativas da Associação para este e o próximo ano. Esse planejamento estratégico foi elaborado a partir de uma ampla consulta aos nossos associados, instituições parceiras, reguladores e lideranças da ANBIMA e resultou em três grandes agendas de trabalho: Agenda de Desenvolvimento de Mercado, Agenda de Serviços e Agenda Estruturante. Confira cada uma aqui.

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