Pesquisa indica caminhos para aperfeiçoamento da regulação e autorregulação do mercado de capitais brasileiro
O conjunto de normas expedidas pelas entidades reguladoras e autorreguladoras do mercado brasileiro é avaliado positivamente pela maioria dos agentes do mercado, mostra pesquisa realizada pelo Grupo de Trabalho Interagentes (GT Interagentes), que reúne líderes de onze importantes instituições ligadas ao mercado de capitais.
De acordo com a pesquisa, feita com 515 associados das entidades participantes e seus públicos, 61,1% dos respondentes entendem que, de modo geral, o enforcement das normas de regulação e autorregulação é adequado. O grau de regulação da CVM e a quantidade de normas editadas pelas entidades autorreguladoras são considerados adequados, respectivamente, por 66,8% e 68,1% dos entrevistados. A pesquisa foi respondida de forma online entre os dias 10 de outubro de 2013 e 15 de dezembro de 2013.
“Apesar do nível de satisfação, a pesquisa mostra que temos campos a melhorar”, afirma Sandra Guerra,coordenadora do grupo e presidente do conselho de administração do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Dentre esses pontos, Sandra destaca quatro além do próprio enforcement: a sobreposição de competências e normas das entidades de autorreguladoras; a harmonização de códigos e regras dessas entidades; o combate ao insider trading; e a necessidade de educação financeira, com foco no Poder Judiciário.
Segundo a pesquisa, 63,3% dos entrevistados afirmam que há sobreposição de competências e normas entre as diversas entidades. Desses, 69% acreditam ser uma necessidade de “alta relevância” a harmonização entre os diversos códigos e regras de autorregulação.
A ocorrência de insider trading - quando há negociação de valores mobiliários baseada no conhecimento de informações ainda não divulgadas – é um problema de “alta relevância” para 67,6% dos respondentes. Para que o mercado de capitais evolua, 72% dos entrevistados afirmam ser preciso incentivar a informação e a educação dos agentes do mercado de capitais como um todo.
Trabalhos em andamento
A pesquisa sobre a efetividade da regulação e da autorregulação faz parte de um esforço mais amplo do GT Interagentes de construir uma agenda positiva para o mercado de capitais brasileiro e de ressaltar a importância da governança corporativa. O GT montou um subgrupo que trabalha para propor melhorias na compreensão, no cumprimento e na aplicação das normas.
Além disso, o GT Interagentes tem ações concretas para atender ao menos duas das demandas levantadas pela pesquisa. Quanto à educação dos agentes do mercado, vale lembrar o lançamento, realizado em 9 de outubro, de um guia sobre a responsabilidade e o dever de diligência dos administradores de companhias. De dezembro de 2013 até outubro, o GT Interagentes realizou quatro seminários sobre o tema (três em São Paulo e um no Rio). No total, mais de 400 participaram desses eventos, todos com entrada gratuita.
Na área de harmonização de normas de entidades autorreguladoras, uma das iniciativas do GT Interagentes é o trabalho executado por outro subgrupo, que se dedica a alinhar diretrizes das 11 entidades - membros para a criação de um código de governança nacional baseado no modelo “pratique ou explique”.
Sobre o GT Interagentes
O GT Interagentes pretende propor discussões e ações que tenham por finalidade melhorar a governança corporativa, elevar a competitividade do Brasil via melhorias do ambiente regulatório, incentivo ao incremento de fontes de financiamento de longo prazo e atração de recursos que possam assegurar condições adequadas para expansão das atividades econômicas e para o desenvolvimento do país. É formado por representantes da ABRAPP (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas), ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital), AMEC (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de
Investimento do Mercado de Capitais), BM&FBOVESPA (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros), BRAIN (Brasil Investimentos & Negócios), IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) e IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) participam como entidades observadoras.