Selic: sistema completa 45 anos em constante evolução
A parceria público-privada mais duradoura do sistema financeiro é operacionalizada pelo Banco Central com apoio da ANBIMAHoje comemoramos os 45 anos da criação do Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), um dos pilares do Sistema Financeiro Nacional, que é operacionalizado pelo Demab/BC (Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central) com apoio da ANBIMA. É por meio desta parceria público-privada, a mais duradoura do mercado brasileiro, que são feitas a custódia e a liquidação das operações dos títulos públicos federais emitidos pelo Tesouro Nacional. “Ao longo de mais de quatro décadas, o Selic contribuiu para a construção da estabilidade financeira do país. Isso só foi possível porque ele nasceu unindo o conhecimento especializado da ANBIMA sobre o mercado financeiro à visão do Banco Central como autoridade reguladora”, afirma nosso presidente, Carlos André.
“Por seu papel no Sistema Financeiro Nacional, o Selic é considerado uma infraestrutura estratégica para o mercado brasileiro. Ele é uma peça fundamental para que o Banco Central possa conduzir a política monetária e manter a taxa Selic dentro da meta estabelecida pelo Copom”, explica André Amante, chefe do Demab/BCB (Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central do Brasil). O Selic faz parte do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), por isso precisa ter altíssima disponibilidade, funcionando praticamente sem interrupções, e está em constante evolução, para acompanhar as mudanças do mercado.
Uma estrutura robusta e segura para os títulos públicos federais
Para lidar com a alta complexidade do Selic, é preciso ter uma estrutura robusta tanto de tecnologia quanto de pessoas – e a ANBIMA atua nessas duas frentes. O valor financeiro dos títulos custodiados é de cerca de R$ 9,8 trilhões, sendo que diariamente são movimentados R$ 7,5 trilhões. São 568 instituições financeiras participantes, entre bancos, corretoras, cooperativas de crédito e distribuidoras de valores. Essas instituições, por sua, vez, registram no sistema as operações feitas com os títulos de seus clientes. Entre fundos de investimento, pessoas físicas e pessoas jurídicas não financeiras, são quase 700.000 clientes cadastrados. “Temos um grande orgulho de nossa participação na construção e na evolução do Selic, uma infraestrutura que tem papel crítico para todo o sistema financeiro brasileiro”, conta nosso diretor-executivo, Zeca Doherty.
Nosso papel no Selic
No convênio com o Banco Central, está definido que a ANBIMA tem o papel de prover a infraestrutura tecnológica e a mão de obra especializada, recursos necessários para o funcionamento do sistema. Atualmente, temos cerca de 170 colaboradores, entre funcionários e estagiários, atuando na sede do BC no Rio de Janeiro. “No caso do Selic, quando falamos em parceria, estamos nos referindo a um trabalho verdadeiramente conjunto, em que as equipes trabalham lado a lado tanto na operação diária quanto nas evoluções necessárias”, explica Doherty. A agenda estratégica, bem como o programa anual de investimentos, é elaborada pelo Banco Central junto com a ANBIMA. A definição das demandas e prioridades é construída em conjunto com o mercado, por meio da Comissão Operacional do Selic.
Uma história de sucessos
Ao longo de mais de quatro décadas, o Selic se manteve em constante evolução, sempre acompanhando o dinamismo do mercado financeiro. Desde sua criação, as soluções inovadoras ajudaram a torná-lo uma infraestrutura essencial para o funcionamento do mercado. No final da década de 1970, quando foi lançado, as transações eletrônicas ainda eram uma grande novidade, por isso foram vistas com desconfiança por algumas instituições financeiras. Para dar credibilidade ao sistema, foi implementado o duplo comando, uma solução que na época era única no mundo e persiste até hoje: as operações só são liquidadas quando as duas partes lançam as informações referentes à transação exatamente iguais.
Em 2002, entrou em funcionamento o SPB, que impactou todo o sistema financeiro ao introduzir a liquidação das operações em tempo real. Isso se refletiu em uma mudança na estrutura do Selic, porque até então a liquidação financeira das transações com títulos públicos realizadas entre as instituições acontecia somente no final do dia, pelos valores líquidos.
Outra mudança importante foi a entrada em operação de um sistema de cadastro mais moderno, em 2010. Com ele, as instituições participantes do Selic passaram a incluir seus clientes diretamente, sem precisar solicitar ao Banco Central. “A simplificação do processo de cadastro mostrou que a inovação não precisa ser complexa, basta ser eficiente”, acredita Francisco Vidinha, superintendente do Selic na ANBIMA.
A ideia de simplificação também pautou o desenvolvimento do Pre-matching, a ferramenta que automatizou a conferência das informações das operações antes de registrá-las no sistema. Anteriormente, o batimento era feito por telefone entre as instituições envolvidas na transação. “Operacionalizar o Selic é um desafio de grande complexidade, mas ao longo de sua história foram implementadas mudanças que permitiram cumprir seu papel estratégico para o mercado financeiro e a sociedade brasileira”, afirma André Castanheira, chefe da Dicel (Divisão de Administração do Selic), unidade do Demab/BC.
Manter todos esses recursos funcionando sem interrupções demanda uma robusta infraestrutura de hardware, por isso o Selic conta com três centros de processamento de dados instalados no Rio de Janeiro e em Brasília. Os computadores de grande porte trabalham de forma alternada para garantir a segurança e a eficiência do sistema, o que garante que ele esteja disponível por mais de 99,95% do tempo.