Podcast Vai Fundo: perspectivas e desafios dos fundos ESG
Está no ar o quarto episódio da nova temporada do podcast Vai Fundo.
Conversamos com Daniel Celano (presidente da Schroders no Brasil), Luzia Hirata (gerente ESG do Santander Asset Management) e Carlos Takahashi (Chairman da BlackRock Brasil) sobre a evolução dos fundos ESG e os obstáculos que ainda atrapalham o avanço desse tipo de produto por aqui.
A discussão tem como foco o cenário atual e futuro da indústria de fundos sustentáveis, tanto no Brasil quanto no exterior, diante da crescente atenção que esses veículos vêm recebendo. De acordo com pesquisa da consultoria EY, os ativos sob gestão desses fundos podem alcançar cerca de US$ 50 trilhões até 2025.
No Brasil, os avanços regulatórios têm desempenhado papel primordial no desenvolvimento desse mercado. “Houve uma evolução muito grande nos últimos anos, corroborada pela autorregulação da ANBIMA. Com as regras e os critérios de fundos que são caracterizados como investimento sustentável, conseguimos ter uma noção do tamanho dessa indústria e do seu crescimento ao longo do tempo”, destaca Luzia.
Ela pondera, no entanto, que o mercado brasileiro ainda está em estágio inicial se comparado à Europa, e cita a falta de padronização de informações e uma base de dados ainda insuficiente como desafios que dificultam um maior avanço dos fundos ESG no País. “No Santander, em Madrid, nós analisamos os ativos ESG de forma padronizada. Mas para realizar esse tipo de análise no Brasil, precisamos fazer algumas adaptações, pois existe uma escassez de informação de qualidade. Muitas vezes temos que buscar dados diretamente com as empresas para construir um racional e entender se os riscos daquele ativo são toleráveis”, explica.
Outro ponto que revela a diferença de maturidade entre os mercados europeu e brasileiro é a presença de investidores institucionais de longo prazo. Enquanto lá fora eles são predominantes no segmento de fundos ESG, aqui ainda há obstáculos para atraí-los para esses produtos. Um deles são os juros altos no Brasil. “Os fundos de pensão e seguradoras acabam preferindo investir em títulos públicos, que têm riscos muito menores. O juro muito alto suga o dinheiro da economia real, que deixa de ir para as companhias e outros projetos”, observa Celano.
Takahashi concorda e acrescenta uma provocação: será que os fundos ESG não precisam de medidas mais incisivas para ganharem impulso no Brasil? “A gente viu recentemente, nos Estados Unidos, a obrigatoriedade de alocação de um determinado percentual em investimentos sustentáveis para um fundo ter ESG no nome. Então, por que não estabelecer parâmetros mais claros do que seria adequado para investimento em vez de ficar só nas boas práticas?”, indaga.
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