Pesquisa mostra que brasileiros economizaram mais no ano passado, mas a maioria entrou em 2020 sem reserva financeira
Raio X do investidor traz o perfil do brasileiro quando o assunto é gestão de gastos e investimentosA terceira edição da pesquisa Raio X do Investidor mostra que 38% dos brasileiros economizaram algum dinheiro em 2019. O resultado é cinco pontos percentuais maior do que em 2018 (ano em que 33% das pessoas guardaram parte da renda) e seis pontos superior a 2017 (32%). No entanto, 62% da população brasileira não conseguiu fazer guardar dinheiro no ano passado e entrou em 2020 sem qualquer reserva financeira.
“Muitas famílias tiveram sua renda comprometida por conta da pandemia, seja pelo desemprego, corte salarial ou queda brusca de receita. Aquelas que tiveram queda de renda, e não tinham dívidas nem investimentos, agora têm que rever gastos domésticos para continuar no azul. Já as que, além de entrarem em 2020 com a renda comprometida, ainda precisam honrar dívidas, têm de fazer um esforço adicional para não se verem ainda mais enroladas financeiramente”, comenta Ana Leoni, superintendente de Educação e Informações Técnicas da ANBIMA.
Os brasileiros que conseguiram economizar no ano passado são em sua maioria homens (59%) e jovens (48% têm entre 16 e 34 anos) pertencentes à classe C (54%). Já o perfil daqueles que não conseguiram poupar é mais homogêneo: 50,5% são homens e 49,5%, mulheres e 25% têm entre 45 e 59 anos e 22% entre 35 e 44 anos.
Para Ana, diminuir gastos e começar a economizar é difícil, mas é preciso dar os primeiros passos aos poucos: “Os gastos do dia a dia são a variável mais fácil de controlar, por isso é importante começar por atitudes pequenas, como tomar mais cuidado com o consumo de energia e água em casa, além de rever aqueles gastos mensais não essenciais , como o pacote de TV por assinatura mais caro. Aos poucos você vai perceber que economizou uma parte razoável da renda mensal”.
Os resultados do levantamento estavam prontos para divulgação no final do primeiro trimestre de 2020, quando a crise sanitária e financeira causada pela pandemia da Covid-19 pegou todos de surpresa e isolou socialmente as pessoas em todo o mundo, obrigando a paralização de diversas atividades econômicas. Além de milhares de mortes, a perda de renda e do emprego são efeitos colaterais importantes dessa crise. Por isso, esta análise do comportamento financeiro dos brasileiros em 2019 permite produzir insights importantes que ajudam a entender por que os impactos da crise causada pela pandemia da Covid-19 são mais sérios para uns do que para outros.
Onde foi parar o dinheiro daqueles que economizaram?
A maior parte das pessoas que economizaram em 2019 (42% desse universo) aplicou suas economias em produtos de investimentos, como renda fixa, títulos públicos ou mercado de ações. O que representa uma queda de seis pontos percentuais em 2018 (48%). Em segundo e em terceiro lugar, com apenas 8% e 7% aparecem a aquisição de bens móveis (como carros e motos) e imóveis (casas, lotes, terrenos), em percentuais praticamente estáveis em relação à pesquisa anterior.
“Quanto mais as pessoas têm acesso à informação de forma clara e isenta, mais elas se sentem seguras em investir. Hoje existem diversos canais que oferecem conteúdos de qualidade, e conseguimos enxergar o esforço do mercado em promover a educação financeira e desmistificar o universo dos investimentos”, ressalta Ana Leoni.
Poupança segue como a principal aplicação dos brasileiros
A pesquisa mostra que 84,2% dos investidores deixaram os recursos na caderneta em 2019, uma queda superior a quatro pontos em relação aos 88% do ano anterior. Apesar do recuo, a poupança manteve a liderança como principal destino dos investimentos dos brasileiros. Como em 2018, a segunda posição segue com os fundos de investimento, na preferência de 6% dos investidores. Os demais produtos, como títulos privados (5%), planos de previdência (5%), títulos públicos (4%), moedas digitais (3%), aparecem logo em seguida.
Para Ana, esses dados evidenciam a importância da informação e do conhecimento para se começar a investir: “Muitos investem na poupança porque é um produto mais acessível e conhecido pelos brasileiros. Ainda é preciso tirar essa ideia de que investir é só para quem tem muito dinheiro, pois há outros produtos semelhantes à poupança e que são seguros e tão acessíveis quanto”.
Investidores ainda preferem fazer suas aplicações de forma mais tradicional
Esta terceira edição do Raio X do Investidor também mostra que o principal meio utilizado para investir dos brasileiros continua sendo a tradicional visita à instituição financeira (71%), em patamar estável em relação à pesquisa anterior. Os aplicativos e sites de banco aparecem como segunda e terceira opção com 30% e 13% respectivamente.
Os investidores mais tradicionais, que denominamos analógicos, têm em média 47 anos, são da classe C e com renda familiar mensal em torno de R$ 4,4 mil – 22% deste grupo são aposentados. Já os que usam a internet para facilitar a vida financeira são os investidores digitais. Eles são mais jovens – em média 38 anos – e têm maior poder aquisitivo: pertencem à classe B com renda média mensal de R$ 7,4 mil.
O Raio X do investidor em sua terceira edição
Há três anos a ANBIMA realiza a pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, em parceria com o instituto DataFolha. O objetivo é aprofundar o conhecimento sobre o comportamento e a motivação dos brasileiros quando os temas são a gestão do dinheiro, a poupança de recursos e os investimentos financeiros.
O estudo traça o perfil do investidor, identifica quais os produtos financeiros que ele mais utiliza, os principais destinos de suas aplicações e perspectiva de situação financeira para a aposentadoria, entre outras informações. O levantamento desta terceira edição foi realizado em novembro de 2019 com 3.433 pessoas em 149 municípios, que representam mais de 96 milhões de brasileiros. Todas a partir de 16 anos, pertencentes às classes A, B ou C e economicamente ativas (renda ou aposentadoria).
Os dados completos do estudo estão disponíveis na página especial do Raio X do Investidor Brasileiro – 3º edição, em que você encontra também o relatório da pesquisa.
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