MKBR22: Futebol brasileiro passa por momento de transformação
A transformação dos clubes de futebol em empresas, uma tendência observada na Europa com vários times com ações em Bolsa de Valores, chegou ao mercado brasileiro e vem mexendo com o futebol nacional, que pode passar do modelo associativo o de sociedade empresarial. Esse foi o caso, por exemplo, do Cruzeiro com a compra de 90% das ações SAF (Sociedade Anônima do Futebol) pelo ex-jogador Ronaldo Nazário.
“Todas as rotinas administrativas, desde que o Ronaldo assumiu, são como as de uma empresa, com práticas profissionais, compliance, governança e estratégia”, explica Gabriel Lima, CEO do Cruzeiro Esporte Clube, em painel Clubes de Futebol como Empresas, do MKBR 22, congresso da ANBIMA e da B3.
O ex-jogador Kaká (esq) e o CEO do Cruzeiro, Gabriel Lima (telão), participam de painel da MKBR22
A questão jurídica é uma preocupação do investidor estrangeiro para aportar recursos nos clubes brasileiros, na opinião de Kaká, ex-jogador e empresário.
Neste sentido, a Lei da SAF veio viabilizar todo este processo. “A regulamentação torna o futebol brasileiro atrativo para os investidores, que consideram este um momento propício para adquirir participação em um produto maior e promissor (do que o clube) que é o futebol brasileiro”, explica Marcos Motta, sócio-fundador do escritório Bichara e Motta Advogados.
Advogado Marcos Motta conversou com Kaká e Gabriel Lima sobre a profissionalização dos clubes de futebol
Apesar da expectativa de expansão na profissionalização deste mercado, os desafios são muitos e o principal deles, na opinião de Lima, é a entrega de poder para o investidor. “No modelo associativo, são 400 ou 500 pessoas tomando decisões pelo clube. Com a empresa, o investidor vai dar as cartas, o que torna o processo decisório muito rápido e enxuto”, comenta. Na opinião de Kaká, a paixão do torcedor também pode ser um obstáculo: "os principais desafios de transformar o clube em empresa é a própria paixão do torcedor pelo futebol. No entanto, esse movimento contribui para tornar o clube em uma gestão mais profissionalizada e com uma governança eficiente", afirma.
Para Motta, o futebol brasileiro é um ecossistema saudável e ainda deve passar por um grande desenvolvimento. “Não há roda de conversa da bola, seja na Ásia, EUA ou Europa, que se pergunte sobre as oportunidades do futebol que o brasileiro não esteja na pauta”, afirma.