Testar o funcionamento da inteligência artificial generativa é fundamental para entender seus desafios e oportunidades. A recomendação foi dada pelos especialistas que participaram do segundo encontro da Jornada em Inteligência Artificial, organizada pela Rede ANBIMA de Inovação. O evento virtual aconteceu em 6 de agosto e discutiu como a IA generativa está remodelando o mercado de capitais, oferecendo análises avançadas, mais automação e serviços personalizados.    

De fato, a IA existe há algumas dezenas de décadas, mas ganhou notoriedade e popularidade depois que a OpenAI lançou o ChatGPT, fazendo com que a tecnologia saísse das áreas técnicas e invadisse o dia a dia das pessoas. “Foi uma mudança de paradigma, não porque o ChatGPT seja o suprassumo do que a inteligência artificial faz, mas é a conexão de seres humanos normais com o que esta inteligência pode fazer”, ponderou Júlia de Luca, especialista de investment banking no Itaú, em conversa mediada por Luiz Pires, gerente de inovação da ANBIMA. 

+Confira a gravação completa do evento  

Desde o lançamento para o público geral, o uso de inteligência artificial generativa virou tendência, com empresas de diferentes portes e segmentos avaliando como adotá-la. Diante disso, como fugir do hype? “Tem de ser por meio da experimentação, porque você tem de saber discernir se a tecnologia é boa e entender como ela se encaixa no seu core”, defendeu Tiago Morelli, CEO da Zaia e da Go Enablers. 

O aprendizado também é importante para se despir de preconceitos com a tecnologia e aproveitar seu alto potencial. “Temos de entender que podemos delegar [tarefas] não apenas para seres humanos como para IA; e você só vai delegar para IA se entendê-la”, argumentou Morelli.   

Começar pequeno 

Para implementar inteligência artificial generativa dentro das empresas, a recomendação é começar por casos mais simples e de menor porte, como automação de processos e atendimento ao cliente. “Pega uma jornada desta e um parceiro para começar a experimentar a IA na prática. Mas jamais vá com um projeto grande; são baby steps!”, advertiu o CEO da Zaia e da Go Enablers. 

O ponto mais importante, reforçou Júlia de Luca, é testar todas as ferramentas que estão disponíveis, “porque a beleza está em dar o comando certo para ela devolver a melhor resposta”, afirmou. Muito do preconceito que existe com IA generativa provém da falta de conhecimento, mas essa é uma barreira que precisa ser vencida, uma vez que se trata, como muitos estudiosos apontam, da Quarta Revolução Industrial.    

“A IA está para ajudar e fazer com que o dia fique mais fácil e menos mecânico para tarefas que não requerem tanto cérebro”, explicou De Luca. Como exemplo, ela relatou que gestoras já usam inteligência artificial generativa para os mais variados temas, como a leitura das atas históricas do Fed com objetivo de encontrar um padrão para entender e prever quando poderia haver cortes nas taxas de juros. 

Outra tendência que promete impactar o mercado de capitais é o conceito de personalização, porque a inteligência artificial possibilita analisar uma grande massa de dados de uma forma muito mais fácil. “Você tem uma noção muito melhor e mais apurada do indivíduo e com isso as empresas conseguem oferecer soluções personalizadas”, explicou De Luca. Para o mercado de capitais, significa prover uma recomendação personalizada para determinado cliente de forma individual.   

A personalização decorre da premissa de que IA consegue interpretar ‘n’ variáveis, inferir e a partir disso tomar decisões, o que gera a criação de automações. “Automação de processo é algo que vamos ver independentemente do setor”, disse Morelli, apontando que as barreiras atuais estão ligadas a preconceito, insegurança e know-how com a tecnologia 

Há algumas premissas para adotar IA generativa, tais como ter as cargas de trabalho na nuvem, APIs e uma base de dados bem estruturada. “A questão da transformação digital, que, teoricamente, foi feita nos últimos dez anos, estamos descobrindo que ela não foi implementada como deveria”, assinalou Morelli.  

Sobre a regulamentação de IA, Júlia de Luca e Tiago Morelli concordaram que qualquer que ela seja não pode representar um impeditivo para o avanço da tecnologia. “Regulação é necessária, mas não podemos cair no problema de regular demais para não desestimular o uso das ferramentas. O maior problema de regular é que de certa forma poderemos frear a inovação, que não é o que queremos. Então tem esta linha tênue”, disse a especialista de investment banking no Itaú. 

Confira a gravação completa do showcase abaixo: 

Rumo à inovação 

A Jornada de Inteligência Artificial conecta o mercado financeiro e de capitais com o ecossistema de inovação e de tecnologia. Os eventos começaram em julho com uma masterclass com Clara Durodié, fundadora do Cognitive Finance Institute, estrategista de tecnologia e consultora com mais de 25 anos de experiência no uso de IA e tecnologias emergentes, e fazem parte da Rede ANBIMA de Inovação. A iniciativa compõe a agenda estruturante do ANBIMA em Ação, um conjunto de atividades que elegemos como prioritárias para o biênio 2023/2024. 

Outra iniciativa de destaque é o guia orientativo de boas práticas para o uso de sistemas de inteligência artificial nos mercados financeiro e de capitais. “É um guia que traz algumas iniciativas e boas práticas de inteligência artificial. Trata-se de algo inédito no mercado financeiro e de capitais, onde trazemos uma série de diretrizes, baseadas na OCDE, para o uso de IA de maneira consciente e com segurança”, ressaltou Zeca Doherty, diretor-executivo da ANBIMA, ao abrir o showcase de IA. 

A Jornada de IA segue em 21 de agosto com apresentação de seis startups no pitch day. 

Confira abaixo os próximos eventos: 

21 de agosto, das 10 às 12h | Pitch Day: inteligência artificial #01   
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04 de setembro, das 10 às 11h30 | Showcase: Inteligência artificial: casos de uso no Mercado de Capitais   
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19 de setembro, das 10 às 12h | Pitch Day: inteligência artificial #02   
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02 de outubro, das 10 às 11h30 | Inteligência artificial para hiper personalização de produtos e serviços de investimento  
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16 de outubro, das 10 às 12h | Pitch Day: inteligência artificial #03   
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Conheça o ANBIMA em Ação  

Essa iniciativa faz parte da agenda estruturante do ANBIMA em Ação, conjunto das principais atividades da Associação para 2023 e 2024. Esse planejamento estratégico foi elaborado a partir de uma ampla consulta aos nossos associados, instituições parceiras, reguladores e lideranças da ANBIMA. Confira aqui as nossas quatro grandes agendas de trabalho: Centralidade do Investidor, Desenvolvimento de Mercado, Agenda de Serviços e Agenda Estruturante.