Impactos e oportunidades das novas regras para os Fiagros
CVM estabelece norma definitiva para os Fiagros, permitindo que passem a investir em ativos como créditos de carbono e CBIOsJá está no ar o novo episódio do podcast Vai Fundo, que desta vez aborda os principais impactos e oportunidades das novas regras publicadas pela CVM para os Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio). Com entrada em vigor prevista para 3 de março de 2025, a Resolução 214 – um dos anexos da Resolução CVM 175 –estabelece normas definitivas para esses fundos, que contavam com uma regulação experimental desde julho de 2021.
Com a mudança, os Fiagros ganham flexibilidade, podendo investir em um leque maior de ativos que incluem CPRs físicas e financeiras, imóveis rurais e participações em sociedades. Além disso, poderão adquirir créditos de carbono relacionados ao agronegócio e créditos de descarbonização (CBIOs).
Para falar sobre este assunto, nossa gerente executiva, Soraia Barros, recebeu Flavia Palacios, CEO da Opea e diretora ANBIMA, e Luiz Caffagni, Professor da FGV Agro.
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Os convidados iniciaram a conversa com um histórico do financiamento privado no agronegócio brasileiro, lembrando que este mercado começou a se consolidar recentemente. Para se ter uma ideia, em 2017, o estoque de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) chegava a R$ 2,5 bilhões e o crédito rural, a R$ 167 bilhões. Em 2023, esses valores atingiam, respectivamente, R$ 45 bilhões e 400 bilhões, enquanto os Fiagros, lançados em 2021, alcançavam um montante de R$ 35 bilhões. “As novas regras irão contribuir para uma popularização ainda maior dos Fiagros, possibilitando que mais recursos privados irriguem o agronegócio”, destaca Caffagni.
Flávia Palacios explica que o mercado de capitais para o agronegócio cresceu inicialmente concentrado no CRA, título securtizado de renda fixa que atraiu grande participação de pessoas físicas por oferecer isenção fiscal. Aproveitando o aprendizado obtido com esse instrumento e outros que financiam o agronegócio, como as CPRs e CDCAs, os Fiagros conseguiram rapidamente ganhar apelo entre os investidores. E isso apesar de a norma provisória que os criou causar certa insegurança no mercado. “A CVM foi muito sábia em esperar os Fiagros se desenvolverem para entender o que precisava ser endereçado. Com a norma definitiva, o mercado terá muito mais segurança para efetivamente investir no produto e de formas mais amplas também”, comenta.
Flavia pondera, entretanto, que o aproveitamento pleno das novas oportunidades de investimentos trazidas pela Resolução 214 ainda levará algum tempo, pois os gestores têm especializações distintas — alguns focam em crédito estruturado, outros em terras, imobiliário ou equity — e, por isso, inicialmente, os fundos tendem a permanecer nichados. “A possibilidade de um Fiagro multimercado poderá oferecer maior liquidez e diversificação, mas existe uma curva de aprendizado tanto para gestores quanto para investidores, dada a complexidade do produto”.
Os convidados destacaram, ainda, que a regulamentação de créditos de carbono e CBIOs será um catalisador para o mercado dos Fiagros com foco em critérios de sustentabilidade. O produto deve atrair especialmente jovens investidores que buscam investir com propósito.
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