Estudo inédito da ANBIMA mostra que compreensão do mercado sobre sustentabilidade é heterogênea
Identificamos cinco perfis de comportamentos que vão desde instituições que desconfiam das práticas ESG até aquelas que têm os critérios sustentáveis no centro dos negóciosQuando o assunto é sustentabilidade, nem todo mundo está na mesma página. Essa foi uma das conclusões do levantamento inédito que fizemos sobre o tema. Foram encontrados cinco perfis de comportamento, que englobam desde os profissionais que não veem ganho nessa bandeira até aqueles que têm a sustentabilidade no centro dos negócios. Eles foram chamados de desconfiados, distantes, iniciantes, emergentes e engajados.
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“Conhecer os diferentes modelos mentais sobre sustentabilidade que prevalecem entre os players é essencial para traçarmos uma agenda de trabalho eficiente”, afirma Cacá Takahashi, nosso vice-presidente e coordenador do Grupo Consultivo de Sustentabilidade.
Os desconfiados enxergam as práticas ESG (ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês) como uma ameaça para o desenvolvimento de seus negócios. Já os distantes têm uma visão simplificada da sustentabilidade e encaram como algo ligado às questões ambientais. Os iniciantes também acham que o tema é focado no meio ambiente, mas eles têm ações concretas, mesmo sendo a maioria delas ainda dentro de casa, a exemplo da reciclagem de copos plásticos.
Enquanto isso, os emergentes estão mais avançados na agenda: compreendem a relevância dos aspectos ESG e estão em fase de implementação de processos mais abrangentes. Por fim, os engajados veem a sustentabilidade como parte da estratégia da instituição, embalando produtos e serviços com esses critérios e cobrando transparência nas relações da empresa com todos seus stakeholders.
“Quando analisamos os dados, vemos que a sigla ESG está distante de 67% das casas. No entanto, os perfis encontrados mostram uma trilha de amadurecimento e evolução das instituições, com exceção, claro, do desconfiado”, complementa Cacá.
Os perfis de comportamento foram revelados na fase quantitativa da pesquisa, com apoio da consultoria Na Rua. Na sequência, o Datafolha quantificou a presença de cada um deles no mercado brasileiro.
Diferente, porém em evolução
Embora heterogêneo, o mercado caminha para uma evolução. Oitenta e sete por cento das instituições afirmam que o assunto ganhou relevância nos últimos 12 meses. Quase a totalidade do mercado (90%) tem certeza de que ele ganhará ainda mais no próximo ano.
“A sustentabilidade não é um tema novo no mercado, no entanto, com a pandemia de covid-19, ele ganhou tração por conta da mudança da percepção de risco dos investidores. Esse movimento é positivo e, sem dúvida, ajudará a alavancar essa pauta”, afirma Cacá.
Em recorte específico feito nas gestoras de recursos, 80% afirmaram ter uma política de investimento responsável ou um documento que formalize seu tratamento ao tema ESG (concluído ou ao menos em estágio de desenvolvimento). Em 2018, quando o mesmo levantamento deste recorte foi realizado, o percentual era menor (68%). Um terço (33%) das gestoras estão em processo de desenvolvimento de um documento incorporando questões ESG.
Também aumentou o volume de ativos analisados sob as lentes ESG. Cerca de 29% das casas avaliam de 80% a 100% de seus papéis, o que representa aumento de 12% na comparação com a pesquisa anterior.
Confira todo o material completo e nosso relatório na página especial da pesquisa.
Sobre a pesquisa
O levantamento foi encomendado pela Associação e realizado em duas fases. A primeira, qualitativa, liderada pela consultoria estratégica Na Rua, contou com 144 participantes para responderem exercícios sobre o tema e 41 para realização de entrevistas em profundidade. Com essas ações, foi possível identificar os perfis de comportamento do mercado.
A segunda parte, quantitativa, contou com o apoio do Datafolha: foram 265 casas entrevistadas, sendo 209 gestoras de recursos. Essa etapa quantificou os perfis encontrados na primeira e mensurou o grau de maturidade das assets, trazendo informações como número de funcionários envolvidos no tema, ativos ESG sob gestão, critérios mais observados, entre outros. Algumas respostas voltadas para as gestoras puderam ser comparadas com as da nossa última pesquisa quantitativa de sustentabilidade de 2018. A margem de erro fica entre 6 e 7 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.