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Especial Web Summit Rio: o que o evento trouxe sobre o mundo das finanças

Enquanto inteligência artificial rouba a pauta, fica a aposta se embedded finance é o futuro
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A primeira edição do festival de inovação Web Summit Rio, realizada no Rio de Janeiro de 1º a 4 de maio, reuniu 21.367 mil visitantes de 91 países, incluindo representantes de 974 startups de 28 segmentos econômicos. O setor financeiro marcou presença com trilhas específicas sobre cripto e finanças. Também estivemos por lá, como uma das iniciativas da agenda estruturante do ANBIMA em Ação, conjunto de prioridades que elegemos para o biênio 2023/2024, e contamos tudo abaixo tudo que foi destaque nesses temas.

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A inteligência artificial sequestrou a pauta

Três assuntos foram recorrentes no tema finanças: a consolidação e crescimento do modelo embedded finance; tokenização, incluindo negócios blockchain, Web3, CBDCs (moeda digital do banco central), stablecoins (criptoativo lastreado em outro ativo ou commodity) e Real Digital; e o impacto das altas taxas de juros para a saúde financeira das fintechs. Todos debatidos nos palcos secundários, estandes de patrocinadores e conversas entre players nos corredores do Rio Centro. 

Muito se ouviu sobre a necessidade de educação financeira, casos de uso que gerem adesão e confiança para o Real Digital e casos de infraestrutura. Não dá mais para encarar DLT, Blockchain, Web3, DeFi, entre tantos outros temas, com visão acadêmica, esperando que um dia realmente aconteçam. O conceito do blockchain com projetos Web3, se utilizando também de ativos digitais, é poderoso. Mas as pessoas só vão se convencer disso a partir da materialização de casos de uso.

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IA na pauta

Um quarto tema, no entanto, sequestrou a conversa no evento: a IA (inteligência artificial). Algo importante, que vai gerar muita ruptura também no mercado financeiro, para além das aplicações para detecção de fraudes, aprovações de empréstimos, monitoramento de riscos e previsões de investimentos. “O que estamos vendo é uma explosão de avanços reais no campo da IA”, disse Ben Goertzel, fundador e CEO da SingularityNET, ao falar sobre o ChatGPT e similares.

A responsabilização no desenvolvimento da IA e no uso dos dados pessoais dos clientes trouxe o lado crítico da tecnologia para os debates. Questões sobre viés algoritmo e privacidade permearam as conversas no palco, das apresentações de Meredith Whitakker, presidente da Signal, e de Chelsea Manning, especialista em segurança, conhecida pelo vazamento de documentos confidenciais dos Estados Unidos no Wikileaks, até as conversas com Ayọ Tometi, cofundadora do movimento Black Lives Matter, e Brittany Kaiser, fundadora da Own Your Data e ex-diretora da Cambridge Analitica. “Não somos a primeira geração a brigar por questões básicas, mas espero que estejamos entre as últimas”, disse Tometi em coletiva de imprensa realizada no evento. 

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Entre os efeitos colaterais dessa explosão de IA, apareceu também o termo AI-washing, que começa pelo uso “marketeiro” da tecnologia para atrair atenção. Marcas não devem usar inteligência artificial na construção do branding ou na descrição de produtos e negócios se não “puderem comparecer” respondendo como, por quê e para quê ela é aplicada e qual resultado gera para o negócio. 

Embora a maioria das instituições acredite que IA e machine learning (aprendizado de máquina) possam melhorar a maneira como fazem negócios, dando a elas uma vantagem competitiva, gerir grande volume de dados em si é um desafio complexo. Para que qualquer solução de IA funcione de forma eficaz, as instituições devem ter todos os seus dados em pipelines e silos ordenados, permitindo que o machine learning preveja e preveja mercados com precisão de acordo com objetivos de negócios específicos. 

O processamento de linguagem natural e os chatbots também estão se tornando mais comuns no setor de serviços financeiros como forma de melhorar o atendimento ao cliente e automatizar tarefas repetitivas. Mas o uso da IA generativa – e, especificamente, do ChatGPT – requer cautela, principalmente por conta do risco de violações de dados. Existem muitas dúvidas dos limites de uso, de como os algoritmos são criados e como irão se comportar quando parte relevante do conteúdo usado para treiná-los for gerado pela própria IA.

ANBIMA no Web Summit: quatro aspectos para analisar em inteligência artificial 


É importante que as instituições financeiras garantam a implementação de protocolos robustos de segurança de dados, concordaram Trisha Kothari, cofundadora e CEO da empresa de software norte-americana Unit21, e Pedro Bramont, CDO (Chief Digital Officer) do Banco do Brasil. A mediação foi da repórter Lucinda Shen, do site Axios, durante o painel “How will AI impact fintech”.

Na opinião de Fabiano Cruz, a sociedade segue em direção ao que ele chama de “digital AI cash”, em que big data e IA serão fundamentais para ditar o movimento do dinheiro global. Os consumidores poderão fazer pagamentos instantâneos dos dispositivos móveis e outros gadgets, sem a necessidade de dinheiro físico ou cartões de crédito, por exemplo. “Os sistemas baseados em IA também poderão orientar nossas decisões de compra, reabastecer nossas prateleiras e responder a perguntas financeiras que tivemos na última década”, disse ele, considerando um futuro não mundo distante.

Perspectivas do embedded finance

Nesse momento, 70% da população da América Latina ainda permanece fora do sistema bancário e as fintechs continuam sendo apontadas como solução para a ampliação da inclusão financeira, mudando a forma como os serviços bancários são oferecidos. O modelo de embedded finance (quando serviços financeiros são incorporados em áreas sem conexão direta com o universo financeiro) pode se tornar a próxima fronteira no aprimoramento do relacionamento entre clientes e instituições financeiras. Por quê?

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Porque “é muito mais sobre a experiência do usuário do que sobre o produto financeiro real associado a essa experiência”, explica Marcelo Jaques, diretor de estratégia da Dock. Embedded dinance vai além dos clientes, envolvendo todos os stakeholders conectados ao ecossistema do qual a empresa faz parte, diz ele.

O modelo é sobre tornar a jornada do cliente mais fluída e eficiente. Como? Por meio da oferta de soluções financeiras cada vez mais complexas, que vão além dos pagamentos, incluindo seguros, crédito, consórcio e, mais adiante, até investimentos. O que ficou muito claro nas conversas, nos palcos e nos corredores do Web Summit Rio.

“Nos últimos anos, o mercado de serviços financeiros passou por uma onda de plataformização, por assim dizer, com grandes serviços financeiros atrelados a outros modelos de negócio, como o das empresas varejistas que possuem uma grande base de clientes. Isso permitiu que tivéssemos melhor experiência na última milha, com redução atrito onde antes existia muita fricção, com modelos de receita que escalam rápido. Mas veio o open finance, as APIs abertas e novos modelos começaram a surgir. E entramos na era da hiper personalização”, comentou Thiago Rolli, sócio da KPMG.

De fato, se antes o contexto era o do trabalho com cluster de clientes, agora o contexto para a prestação do serviço passa a ser o da individualização do cliente, em diferentes situações e modalidades de negócios. E aí a tendência é escalar para investimento e outros produtos que estão na jornada, como tokenização e cripto. E que abarcam componentes que ainda não foram endereçados, como liability e educação financeira dos clientes.

Acrônimos como BaaS (Banking as a Service) e CaaS (Credit as a Service) são exemplos de modelos de negócios que permitem a experimentação e validação de teses pelas empresas de origem não financeira.  E que escalam o modelo embedded Finance fambém para o mundo B2B. 

ANBIMA no Web Summit: toda empresa será uma fintech?


A premissa e o contexto que formam a base dessa oportunidade são o desenvolvimento de plataformas e a exposição dos serviços de maneira intuitiva, em que os aplicativos e o ecossistema de serviços são potencializados em uma experiência inovadora integrada às ofertas originais da empresa. 

“O modelo de finanças embarcadas tem potencial para gerar diversos casos de uso, possibilitando que empresas não financeiras desenvolvam novos modelos de negócios na oferta de serviços financeiros, como CaaS e BaaS, facilitados pela utilização de APIs e de infraestruturas reduzidas com o apoio de prestadores de serviços de tecnologia”, começou Rolli.
 
Por tudo isso, embedded finance representa um mercado global potencial estimado em US$ 7,2 trilhões até 2030, conforme relatório produzido pela Mambu, em parceria com a AWS. Só no Brasil estamos falando em geração de receitas adicionais de cerca de R$ 24 bilhões até 2026 para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços que, juntos, movimentam mais de 35% do PIB brasileiro, conforme estudo divulgado no fim de 2022 pela consultoria Deloitte

Outros destaques no Web Summit Rio

•    Binge watching de inovação: praticamente toda a programação do palco principal foi transmitida pela internet, ao vivo, e continua disponível em quatro vídeos no YouTube. Parte das palestras paralelas no estande da B3 também. 

•    Identidade digital: o Brasil desperdiça, no mínimo, R$104,4 bilhões por ano pela falta de métodos digitais de identificação. Esse valor pode chegar a R$174,2 bilhões (2% do PIB), disse Diego Martins, CEO e fundador da Unico, no painel “Além da tecnologia biométrica”. Na matemática da Único, cada brasileiro gasta até R$830 por ano para se identificar, ter acesso a produtos e serviços e poder exercer a própria cidadania. “No futuro, acreditamos que uma ID global permitirá que as pessoas comprem, adquiram serviços e acessem locais a partir da biometria facial”.

•    Shopstreaming: “A compra ao vivo é a maneira mais humanizada de comprar e vender online”, afirmou Monique Lima, cofundadora e CEO da plataforma de shopstreaming Mimo. “Oferece interação com a marca em tempo real, mais confiança no processo de compra e oportunidade para demonstrar produtos”.

•    Produtividade movida a IA: imagine 10 dias de trabalho em um único dia, 10 horas de trabalho em uma única hora e 10 minutos de trabalho em um único comando de prompt. Este é o futuro da programação, segundo o CEO do GitHub, Thomas Dohmke, que provou a tese ao criar um game durante palestra de 20 minutos no palco principal do evento. A aposta é que, em média, 46% do código de qualquer aplicação pode ser escrito pelo novo assistente de IA habilitado para GPT-4 do GitHub, o Copilot X.

•    Cripto: “As criptomoedas geralmente prosperam em jurisdições onde existem problemas que precisam ser resolvidos”, disse Thiago Cesar, CEO da Transfero. “A América do Sul tem isso.” E o Brasil parece preparado para assumir algum protagonismo. “Em termos de gestão de riscos, o Brasil é um dos sistemas financeiros mais fortes do planeta”, disse Marcelo Sampaio, cofundador e CEO da Hashdex. “Da forma como estamos estruturados, é muito improvável que algo como o FTX tivesse acontecido [se fosse no Brasil].” Será.

•    Inclusão: “Se quisermos fazer diferença, precisamos trabalhar não só com diversidade, mas também com inclusão. Temos que oportunizar espaços para mulheres poderem aplicar seus talentos”, disse o CEO da Vibra, Ernesto Pousada, em uma masterclass ao lado de Tânia Cosentino, CEO da Microsoft Brasil. Pousada prometeu destinar uma parte dos R$ 150 milhões do CVC Vibra Ventures para investir em startups fundadas por mulheres, em áreas como transição energética, mobilidade,  obs o encia,  obs o e meios de pagamento.

•    A explosão dos trabalhos de IA: ela tira, mas ela também dá. Segundo a Deel, unicórnio de RH para trabalho global que estava no Web Summit, posições ligadas à IA, como engenheiro, designer, gerente e analista cresceram 461% entre janeiro e dezembro de 2022. O número de empresas contratando também cresceu no período, em 300%.

•    Crise do bem? Um dos principais painéis do Web Summit Rio discutiu a crise bancária nos Estados Unidos e possíveis desdobramentos no cenário internacional. A conversa não foi no palco principal, e juntou Juca Andrade, Chief Product Officer da B3, e Don Muir, CEO da Arc. "A tecnologia é a salvadora do ecossistema bancário", disse Muir. Para ambos, o sistema bancário global não entrará em colapso, mas definitivamente veremos quem está nadando nu, com problemas no gerenciamento de exposição a riscos.

Para terminar: outros olhares no evento

•    Web Summit veio ao Rio e não foi à toa: a América Latina tem muito potencial em tecnologia aberta, mas ainda explora pouco ferramentas de IA, sobretudo no mercado financeiro.

•    O mundo cripto vive um sobe-e-desce de escândalos e colapsos, mas ainda prevalece a crença de que a blockchain pode ser mais acessível que o sistema bancário tradicional.

Conheça o ANBIMA em Ação
ANBIMA em Ação é o conjunto das principais iniciativas da Associação para este e o próximo ano. Esse planejamento estratégico foi elaborado a partir de uma ampla consulta aos nossos associados, instituições parceiras, reguladores e lideranças da ANBIMA e resultou em três grandes agendas de trabalho: Agenda de Desenvolvimento de Mercado, Agenda de Serviços e Agenda Estruturante. Confira cada uma aqui.

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