ANBIMA Summit: open finance avança no Brasil e empodera cliente
Quem permitir o compartilhamento de informações poderá extrair valor com a oferta de produtos e serviços mais eficientes e de custo menorO sistema financeiro nacional é reconhecido como um dos setores mais inovadores da economia brasileira, mas não apenas pela adoção constante de novas tecnologias. Parte do reconhecimento se deve a atuação do Banco Central, que além de regular e supervisionar o sistema, também é indutor da inovação no setor. O PIX é um caso recente de proposta do BC que deu certo. A próxima, que já está em curso, promete revolucionar a relação entre cliente e sistema financeiro. É o open finance, que nos próximos dias conclui a terceira fase de implantação e até meados de dezembro entra na quarta etapa, quando incluirá seguros e investimentos.
Nosso superintendente-geral, Zeca Doherty, considera a implementação do open finance uma iniciativa que vai beneficiar a todos, clientes e instituições. “Acredito que será transformador em vários aspectos, mas, sobretudo, por colocar o cliente no eixo decisório, dar poder a ele sobre seus dados permitindo que extraia vantagens no acesso a produtos e serviços financeiro”, comentou durante o painel “Fala, BC: tudo sobre open finance”, realizado no evento ANBIMA Summit, na manhã desta quinta-feira, 28.
Para Otavio Damaso, diretor de regulação do Banco Central, a criação do open finance só foi possível no contexto de um ambiente financeiro que acompanha de perto o processo intenso de transformação tecnológica, com a adoção de inteligência artificial, machine learning e big data, o que permite avançar na captura e análise de dados. “Por outro lado, no mundo todo amadureceu a ideia de que as informações do cliente pertencem a ele, que tem direito de usá-las para extrair benefícios. Os dois fatores levam ao surgimento do open finance”.
Zeca Doherty questionou o diretor do BC sobre as instituições menores, ao comentar a relevância dos dados que serão compartilhados, permitindo que as instituições melhorem o atendimento, criem produtos e serviços mais eficientes. “Na ANBIMA é um questionamento comum, existe interesse em participar e dúvidas sobre como ocorrerá”, revelou nosso superintendente-geral.
O diretor do BC explicou que, inicialmente, a decisão foi permitir apenas que as instituições reguladas pudessem participar, o que facilita o controle da informação que irá transitar no open finance. O BC também decidiu que no primeiro momento apenas as maiores instituições estão obrigadas a participar. “Os menores não têm agora obrigação, mas podem solicitar a adesão, desde que recebam e forneçam informações. Lembrando que não é possível sair do sistema depois da adesão”.
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Uma parte do open finance, lembrou Zeca Doherty, é o open investment, que a ANBIMA já vem debatendo com o BC e aguarda o avanço das discussões. Damaso informou que a parte dos investimentos vai ser integrada na próxima fase, junto ao setor de seguros, o que está previsto para dezembro. Também está na agenda futura do BC integrar o open finance a instituições do exterior, acompanhando a tendência de maior participação dos brasileiros em outros mercados. “A gente sabe que isto será necessário, tanto que vários protocolos do open finance seguem padrões internacionais, o que facilitará muito a integração, mas não agora. Só depois da infraestrutura toda operando e de as instituições e clientes começarem a extrair valor do compartilhamento, vamos pensar em outras jurisdições”, concluiu.