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ANBIMA Summit: Mercado financeiro deixa dinheiro na mesa ao excluir negros e mulheres

Produtos financeiros com capacidade de atender à população de baixa renda têm potencial de movimentar mais que R$ 1 trilhão, segundo especialistas do evento

A cada R$ 100 consumidos no Brasil, R$ 72 vêm de grupos minorizados: negros, mulheres e pessoas LGBTQIAP+, segundo dados do Instituto de Pesquisa Locomotiva. Outra pesquisa da mesma entidade mostra que a população negra, que representa 54% dos brasileiros, movimenta R$ 1,9 trilhão em renda por ano. É esse volume de dinheiro que o mercado financeiro e de investimentos está deixando na mesa quando não cria soluções e produtos para a baixa renda, segundo especialistas que palestraram no ANBIMA Summit nesta quinta-feira, 17 de agosto, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo. 
"O racismo é uma burrice econômica. Se negros tivessem equiparação de renda com brancos, injetaríamos R$ 1 trilhão na economia", diz Alan Soares (abaixo, à esq.), fundador do Movimento Black Money, hub de inovação da comunidade negra. 

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Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva e fundador do Data Favela, dimensionou o tamanho da economia movimentada pela população de baixa renda. Há 72 milhões de brasileiros com renda bruta familiar de até três salários mínimos. As favelas do país contam com 18 milhões de moradores, o que seria equivalente ao terceiro estado mais populoso do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. “Não aceito quando chamam a gente de carente. Favela é espaço de potência, seríamos o sexto estado mais rico”, diz Celso Athayde (abaixo), Fundador da Cufa (Central Única das Favelas) e da Favela Holding. 

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Para o presidente do Instituto Locomotiva, falta conhecimento para se desenvolver produtos para as classes mais baixas. "É mais fácil ensinar inglês para um empreendedor da favela do que ensinar como funciona a favela para um CEO que estudou em Harvard", diz Meirelles. Segundo ele, isso mostra como o Brasil é “mais racista do que capitalista”.

Quem são os investidores brasileiros?

Percorremos mais de 8 mil quilômetros Brasil afora para entender como a população investe. Algumas das pessoas ouvidas durante a pesquisa Como você investe o seu Dindim? estiveram no palco do ANBIMA Summit contando suas histórias. 

Dona Ivete (à dir.) precisou buscar alternativas para poupar uma vez que não encontrou instrumentos financeiros que funcionassem para a sua realidade. Mãe solo e única provedora de uma família com quatro filhos, o sonho dela era ter uma casa melhor. Foi aí que pensou então em um consórcio imobiliário, mas não viu sentido em pagar juros para uma instituição. A outra opção disponível eram as "caixinhas na rua", um sistema de financiamento comum em periferias do Brasil, em que um grupo de pessoas reúne recursos para oferecer empréstimos. Foi assim, de maneira informal, que ela começou a ver o dinheiro que guardava dar os primeiros rendimentos.

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 "Tem gente que pensa que não consegue guardar porque não ganha muito. Eu comecei com R$ 20 e, de pouquinho em pouquinho, vou dar algo melhor para minha família”, disse Dona Ivete, que anota todos os gastos da família em uma caderneta para controlá-los e, assim, fazer sobrar dinheiro no fim do mês. Quando há algum imprevisto e é preciso retirar recursos da “caixinha”, ela paga juros a si mesma no mês seguinte, entre 10% e 20% do valor retirado no período anterior. 

Renato Meirelles (abaixo) diz que, ao trabalhar com educação financeira, os modelos partem de uma premissa errada, de que a baixa renda não entende de finanças pessoais. “Uma mulher que sustenta uma família inteira com um salário mínimo, que sabe o preço do leite, qual dia tem desconto no mercado, é uma pessoa que sabe fazer o dinheiro render”, disse. 

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Mas mesmo com todos os obstáculos, Dinho (à esquerda da dona Ivete), outro investidor ouvido na pesquisa sobre o jeito de investir dos brasileiros, encontrou no mercado tradicional de investimentos um meio de melhorar de vida. “Vim de uma família muito pobre do interior de Pernambuco. Não queria nascer pobre, crescer pobre e morrer pobre. O único meio que pensei para mudar isso foi usar meu dinheiro para investir”, contou Dinho. 

Ao se mudar para a capital, ele passou a trabalhar em um mercado, onde ganhava mais que antes. Conseguiu fazer sobrar mais dinheiro e estudou como investir. Suas maiores dificuldades foi com não saber falar inglês e com a linguagem e termos usados no mercado financeiro. Hoje, ele tem um portfólio de investimentos distribuído entre bitcoins, CDBs e ações. 

Sobre o ANBIMA Summit

Maior encontro dos mercados financeiro e de capitais do Brasil, o ANBIMA Summit 2023 evento que acontece nos dias 16 e 17 de agosto na Oca do Ibirapuera, em São Paulo. A conferência reúne discussões sobre o futuro da indústria de investimentos, as transformações trazidas pela inteligência artificial, o avanço da tokenização, as mudanças no comportamento do investidor e muito outros assuntos. Acompanhe a programação em tempo real no site anbimasummit.com.br.

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