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ANBIMA Summit: Inteligência artificial deve apoiar o mercado financeiro, mas não substitui a decisão humana

Especialistas apontam possibilidades de uso, riscos e a necessidade de regulamentação para adoção da IA

A indústria financeira passa por um momento crucial de definição sobre o modelo de uso das novas ferramentas de IA (inteligência artificial) no mercado financeiro, o que coloca algumas perguntas a empresas e profissionais do setor: a IA vai substituir os gestores de recursos? Quais riscos trazem para o sistema financeiro? Para os especialistas do ANBIMA Summit nesta quarta-feira, dia 16, é preciso ser cuidadoso e fazer avaliações criteriosas antes de tomar qualquer decisão que envolva essa tecnologia. 

"Há várias empresas que vendem sistemas com esse tipo de autonomia de investimentos, o que eu sempre sugiro é testar", disse Clara Durodié, estrategista de tecnologia especializada em governança de inteligência artificial, fintechs e transformação digital. 

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Segundo ela, pesquisadores ainda não conseguiram atestar se esses sistemas de fato funcionam, mas indicam que, para isso, precisam de dois pré-requisitos: primeiro, ter muitos dados e de qualidade para evitar vieses; segundo, ter um humano para avaliar essas decisões. "Minha experiência de muitos anos diz que a inteligência artificial não vai substituir o gestor, não acho que vamos chegar nesse nível de autonomia", afirmou. 

Dados, por si só, não são suficientes para tomar decisões, porque eles não entendem nada sobre valores, emoções e objetivos, defendeu Gerd Leonhard, palestrante, autor best-seller e futurista focado em pessoas, planeta, propósito e prosperidade. "É perigoso porque a máquina tem uma versão muito simplificada da realidade. Mas é muito boa para coisas mais práticas. Para transformar informações em conteúdo, é uma ferramenta poderosa", avaliou. Ele defende que a inteligência artificial seja usada como ferramenta, mas não seja a responsável pela decisão final nos negócios. 

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Riscos

Sobre os riscos que a inteligência artificial pode representar para o sistema financeiro, Durodié citou um caso que aconteceu há três meses nos Estados Unidos. Uma imagem do Pentágono em chamas foi criada por um sistema de IA e postada no Twitter. Usuários da rede circularam a imagem gerando pânico, como se o prédio estivesse sendo bombardeado e fazendo relação com os ataques terroristas de 11 de setembro. Algoritmos, que avaliam dados de redes sociais para tomar decisões de compra e venda no mercado financeiro, captaram o sentimento negativo e dispararam ordens de vendas de ações.

"Isso foi grave, alguém ganhou muito dinheiro com isso, não sabemos quem. A forma como algoritmos de IA generativa batalham com algoritmos de trading é manipulação de mercado, é ilegal em todos os países que conheço", explicou Durodié.

Ana Teresa Contier, pesquisadora na área de neurociência cognitiva e afetiva, avalia que não se pode deixar que o medo e a insegurança sobre as possibilidades da IA nos paralisem. "Tem muito mito, cenário distópico. IA tem que servir como uma mão a mais nas atividades humanas", afirmou. 

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Ela defende um sistema que chamou de CDE para lidar com a inteligência artificial. “C” de conhecimento, como base fundamental para eliminar o medo. "Só a partir do conhecimento é possível entender IA e seus vieses", disse Contier. “D” de diversidade de pessoas, dados e empresas que criam a IA. Por fim, “E” de ética, como forma de escolher quais sistemas de IA apoiar ou não. 

Regulamentação 

Neste cenário, uma pergunta comum é: a inteligência artificial é mocinha ou vilã da indústria de investimentos? O que os especialistas indicam é que a regulamentação de seu uso será decisiva para responder a essa pergunta. 

"Se não houver regulamentação, teremos problemas, vai ser um salve-se quem puder. A boa notícia é que os governos entenderam que precisamos disso para o uso seguro", disse a estrategista de tecnologia. Ela citou o exemplo do Reino Unido, que está muito preocupado na regulamentação de IA, mas ainda assim tem leis que permitem o acesso livre e desregulado à mineração de dados. "Isso diz muito sobre a direção que estamos tomando do ponto de vista regulatório", afirmou.

Sobre o ANBIMA Summit

Maior encontro dos mercados financeiro e de capitais do Brasil, o ANBIMA Summit 2023 evento que acontece nos dias 16 e 17 de agosto na Oca do Ibirapuera, em São Paulo. A conferência reúne discussões sobre o futuro da indústria de investimentos, as transformações trazidas pela inteligência artificial, o avanço da tokenização, as mudanças no comportamento do investidor e muito outros assuntos. Acompanhe a programação em tempo real no site anbimasummit.com.br.

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