Tokenização de ativos “on-chain” deve chegar a US$ 16,1 trilhões em 2030 O “inverno crypto” pode até assustar os que acham que a criptoeconomia se resume a criptomoedas, mas nos bastidores há um mercado trilionário de DeFi crescendo com apoio das tecnologias de blockchain, que pode representar 10% do PIB global em 2030 - US$ 16,1 trilhões, para sermos mais precisos - mesmo com as diferenças regulatórias globais (ou a ausência delas) e a redução de investimentos de risco nessas iniciativas.
Esse pode ser um bom resumo para o estudo recém-publicado pelo Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a exchange ADDX, de Singapura, que aprofunda o entendimento das implicações da tokenização de ativos on-chain (gravadas na blockchain) para o crescimento das Finanças Descentralizadas, sua diferenciação do fracionamento de ativos na economia tradicional, as oportunidades abertas para a tokenização de ativos “ilíquidos” e o que é preciso fazer para alavancar seu crescimento.
O relatório - “Relevance of on-chain asset tokenization in ‘crypto winter’” - é assinado pelo diretor administrativo do BCG, Sumit Kumar, o cofundador do ADDX, Darius Liu, e pelos consultores Rajaram Suresh, Bernhard Kronfellner e Aaditya Kaul. Segundo os autores, “uma grande parte da riqueza do mundo hoje está bloqueada em ativos ilíquidos”. A tokenização (transformação em ativos digitais fracionáveis) pode desbloquear esses ativos, contornando as barreiras tradicionais de negociação, gerando alternativas de comercialização fora das práticas tradicionais, baixando o ticket de entrada e abrindo espaço para novos investidores e modalidades de negócio.
Em 2021, a tokenização de ativos representou US$ 2,3 bilhões, e deve chegar a US$ 5,6 bilhões em 2026, segundo o estudo. Ao incluir bens ilíquidos, daria saltos trilionários nas DeFi (veja gráfico acima). Na lista de ativos ilíquidos, o relatório menciona imóveis, recursos naturais, terrenos, commodities, infra-estrutura pública como minas e portos, arte, carros antigos e bebidas raras, que se somam a ações pré-IPO, dívidas privadas, receitas de pequenas e médias empresas, fundos privados e títulos de atacado, entre outros.
As razões para a falta de liquidez desses ativos incluem ticket médio alto para a entrada de investidores em massa, acesso restrito a grupos de elite (no caso de obras de arte e carros antigos), obstáculos regulatórios, entre outros, que dificultam a sua compra ou negociação.
O fracionamento de ativos é uma prática adotada no mercado tradicional, principalmente nos bens patrimoniais e imobiliários - por exemplo, fundos de investimento imobiliário (FIIs) e ETFs. Estão presentes nos mercados públicos, eficientes e com alta tecnologia, mas não nos mercados privados, muitas vezes manuais, lentos, e com altos custos gerais, aponta o relatório.
A tokenização de ativos on-chain nas DeFi (gráfico acima) contorna as barreiras para os ativos ilíquidos “ajudando a reimaginar o processo de encontrar e combinar investidores com oportunidades de investimento”, aponta o estudo. O “minting” (emissão) de tokens representando frações digitais de ativos físicos gravadas em um livro razão distribuído (DLT ou blockchain) oferece garantia de propriedade transparente e imutável.
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Para o seu radar
Oportunidade: O setor imobiliário pode ser um dos setores com ativos ilíquidos a se beneficiar rapidamente da tokenização, explica Rubens Neistein , CMO da Insígnia e especialista no assunto.
Mercado: O volume de tokens de segurança para imóveis cresce rapidamente, segundo relatório da Security Token Market e Security Token Advisors, tanto em imóveis residenciais quanto comerciais.