A captação líquida recorde da indústria de fundos registrada em 2017 até outubro – R$ 242,5 bilhões – reforça a trajetória positiva do segmento este ano, sobretudo nas classes de renda fixa e multimercados, que apresentaram as contribuições mais relevantes, de R$ 92,2 bilhões e R$ 87,7 bilhões, respectivamente. Entre os tipos de fundos de melhor desempenho, destacam-se o renda fixa duração baixa grau de investimento com captação de R$ 30,2 bilhões e os Multimercados Macro com R$ 29,1 bilhões.

Os resultados de outubro registraram melhora em relação ao mês anterior com captação líquida total de R$ 14,2 bilhões contra R$ 4,3 bilhões em setembro.  Porém esse patamar está abaixo da média mensal do ano que foi de R$ 25,4 bilhões (janeiro a setembro), o que reforça a possibilidade de uma redução do montante captado no segundo semestre, período sazonalmente marcado por um recuo, conforme citado no Relatório de outubro. Entre os fundos de renda fixa, os melhores desempenhos foram os de Duração Baixa e Livre Grau de Investimento que captaram R$ 4,4 bilhões e R$ 3,2 bilhões. Entre os Multimercados, o tipo Macro captou R$ 3,9 bilhões, a maior registrada nessa classe.

A alocação de recursos das pessoas físicas vem influenciando o perfil de captação da indústria de fundos. Este movimento está em linha com a redução do endividamento das famílias observado este ano (queda de 43,0% em agosto/16 para 41,6% em agosto/17). Os desempenhos dos segmentos varejo (incluindo alta renda) e private respondem por boa parte da captação líquida das classes de renda fixa e multimercados. Dos R$ 89,6 bilhões captados pelos fundos de renda fixa este ano, até setembro, o varejo foi responsável por R$ 59,3 bilhões enquanto o Private registrou R$ 16,0 bilhões. Nos fundos multimercados, que captaram R$ 80,3 bilhões no mesmo período, o segmento Private captou R$ 44,4 bilhões, enquanto o montante captado pelo varejo foi de R$ 10,5 bilhões. Vale atentar que a participação do varejo vem se tornando relevante nos multimercados, indicando uma maior exposição ao risco por parte destes investidores e uma melhora no canal de distribuição desses produtos na indústria, que consegue atender as mudanças de estratégias dos investidores.

Entre os tipos mais representativos, os Fundos Ações Valor/Crescimento vêm liderando a rentabilidade em 2017 com um ganho de 27,15% até outubro.  Na mesma linha, o tipo Ações Livre registrou variação de 25,69%, ainda que tenha auferido uma performance mensal bem abaixo da registrada em setembro – 0,11% contra 4,85% naquele mês. Vale ressaltar o desempenho do tipo Ações Small Caps que já rendeu 38,96% neste ano.   Entre as demais classes, também se destacam os fundos renda fixa duração baixa grau de investimento e o Multimercado Macro, que registraram variações acumuladas de 8,94% e 12,57%, respectivamente.

Nos próximos meses, o cenário pela busca de rentabilidade deverá ser mais desafiador para a indústria em função da proximidade de término do ciclo de redução dos juros (veja Boletim de Renda Fixa), o que exigirá uma sintonia fina na gestão das carteiras para adequar a relação risco- retorno em um ambiente que, de acordo com as previsões, poderá apresentar juros estáveis durante um período considerável em 2018.