Produtos financeiros lideram a preferência do brasileiro na hora de investir
Os brasileiros estão usando mais os produtos financeiros como opção de investimento. Ações, títulos privados e fundos ganharam participação no portfólio dos investidores em 2020, enquanto a caderneta de poupança perdeu espaço pela primeira vez em quatro anos, desde que a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) realiza pesquisa com a população economicamente ativa das classes A, B e C em todo o País.
O levantamento indica que os produtos financeiros foram o principal destino do dinheiro economizado pela população no ano passado, com ganho de participação nas classes A e B, e estabilidade na classe C. Dentre os brasileiros que investiram em 2020, 53% deles colocaram o dinheiro em produtos financeiros, ou 11 pontos percentuais a mais do que o levantamento anterior. Pela primeira vez, os produtos financeiros ultrapassaram a soma de todos os outros destinos dados para as economias, alcançando uma população estimada em 20 milhões de brasileiros.
A poupança continua como o investimento preferido: é utilizada por 29% dos investidores, mas com uma queda de oito pontos percentuais em relação a 2019. Ainda assim, o produto é utilizado por cerca de 30 milhões de brasileiros das classes A, B e C. Os demais produtos financeiros tiveram alta em 2020, com destaque para títulos privados, que ganharam três pontos em relação ao ano anterior, passando a serem utilizados por 5% dos investidores. Os fundos também conquistaram mais adeptos no ano passado: 5% dos investidores indicaram o produto como destino para suas economias, frente a 3% no ano anterior. Isso significa que em torno de 5 milhões de pessoas usando cada um destes produtos.
“A redução da taxa básica de juros estimulou as pessoas a diversificarem seus investimentos na busca por rentabilidade. Isso explica o crescimento nas aplicações em produtos um pouco mais arriscados, como títulos privados e fundos de investimento”, afirma Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da ANBIMA.
No ano passado, 48,3% dos brasileiros da classe A escolheram produtos financeiros como destino para suas economias, universo que aumentou 20 pontos percentuais em relação a 2019. Entre os brasileiros da classe B, o crescimento foi de 7,2 pontos, passando de 21,4% para 28,6%. Na classe C, a preferência por produtos financeiros manteve-se em 12,6%.
O segundo destino preferido dos brasileiros para as suas economias em 2020 foi a compra da casa própria ou de terrenos, indicada por 7% dos investidores, mesmo percentual que guardou o dinheiro em casa ou no colchão. No ano passado, cresceu o número de pessoas que usou as economias para pagar dívidas: 6% das pessoas que conseguiram economizar usaram o dinheiro para essa finalidade, frente a 4% em 2019.
Motivação
Em um cenário de juros baixos, os brasileiros que pretendem investir ou continuar investindo em 2021 apontam o retorno como a principal justificativa para a escolha dos produtos financeiros: o item fica com 38% da preferência, 10 pontos percentuais acima da segurança (28%).
Já a facilidade de movimentação, principalmente com o avanço dos serviços digitais, foi citada como motivação por 21% dos entrevistados. Quanto ao destino para o retorno financeiro, 27% afirmaram que vão manter o dinheiro aplicado para uso em emergências, enquanto 26% pretendem comprar um imóvel. Apenas 10% pensam em usar esse rendimento na velhice/aposentadoria, porcentagem também daqueles que pretendem comprar ou trocar de veículo.
Sobre o Raio X do Investidor Brasileiro - Esta é a quarta edição da pesquisa Raio X do Investidor, realizada pela ANBIMA em parceria com Datafolha. As entrevistas aconteceram entre 17 de novembro e 17 de dezembro de 2020, com 3.408 pessoas economicamente ativas, com 16 anos ou mais, das classes A, B e C, nas cinco regiões do País.
A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.