Ofertas no mercado de capitais passam de R$ 400 bilhões em 2022
Em setembro, as emissões das companhias brasileiras no mercado de capitais somaram R$ 46,6 bilhões, acumulando no ano um volume de R$ 401,6 bilhões. O resultado representa queda de 5,5% em relação ao apurado em nove meses de 2021, de acordo com os dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O total ainda poderá ser acrescido das operações em andamento e em análise, que correspondem a R$ 11,1 bilhões e R$ 11,8 bilhões, respectivamente (desconsiderando as ações).
“Estamos em um ano desafiador, com a subida dos juros e a volatilidade do período eleitoral. O cenário externo também tem se mostrado bastante difícil, com questões geopolíticas e alta dos juros em todo mundo. Apesar disso, o resultado acumulado até setembro mostra que as emissões locais seguiram em linha ao volume obtido no ano passado, com evolução na renda fixa, reforçando a maturidade e o bom funcionamento do mercado de capitais”, afirma José Eduardo Laloni, vice-presidente da ANBIMA.
O destaque positivo do período é para as ofertas de renda fixa, que cresceram 25,6%. O resultado é puxado pelas altas nas emissões dos instrumentos de securitização. Entre janeiro e setembro, os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) avançaram 112,6% na comparação ao mesmo intervalo do ano passado, com R$ 33,3 bilhões. Já os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) subiram 50,1%, para R$ 32,6 bilhões.
“Os mercados de securitização são os que mais têm crescido no ano. O cenário de juros altos leva o investidor naturalmente para a renda fixa”, afirma Flávia Palácios, coordenadora da Comissão de Securitização da ANBIMA. “Diferentemente do passado, o aumento dos CRIs e CRAs nos últimos três anos não foi impulsionado por nenhum evento específico. O que vemos agora é um avanço dessa indústria de forma geral”, completa.
As emissões de debêntures também apontam para cima: até setembro, somam R$ 205 bilhões, contra R$ 162 bilhões apurados em igual período do ano passado (alta de 26,5%). Os fundos de investimento têm ampliado a participação na aquisição das debêntures, detendo 43,7% das ofertas (contra 37,3% entre janeiro e setembro de 2021), pouco atrás dos agentes intermediários e participantes ligados às operações, com 45,4%. As pessoas físicas também apresentam leve aumento, de 4% para 4,2%. Entre os demais subscritores desses títulos, os investidores institucionais detêm 6,8% e os investidores estrangeiros 0,1%.
Entre os novos produtos que chegam ao mercado, as notas comerciais movimentaram R$ 25,3 bilhões até setembro e o Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais) acumula R$ 4,8 bilhões captados em ofertas públicas.
Três operações de follow-on (ofertas subsequentes de ações) somaram R$ 2,6 bilhões em setembro. No ano, o saldo total da renda variável é de R$ 52,3 bilhões, sendo R$ 406 milhões em IPOs (ofertas iniciais) e R$ 51,9 bilhões em follow-ons. O volume consolidado representa queda de 57,8% em relação a nove meses de 2021.
Confira o Boletim de Mercado de Capitais
A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.