Investimentos de brasileiros batem recorde de R$ 4,9 tri em setembro
São Paulo, 1º de novembro de 2022 - Em setembro, o volume financeiro investido por pessoas físicas chegou ao valor inédito de R$ 4,9 trilhões. O montante representa um crescimento de 8,5%, ante dezembro de 2021, quando o total era de R$ 4,5 trilhões. Essa foi a maior variação percentual registrada desde setembro de 2018, segundo dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
O aumento dos recursos aplicados foi puxado pelo varejo, que concentra R$ 3 trilhões do total de investimentos, em 136 milhões de contas – não corresponde ao total de CPFs, já que cada pessoa pode ter mais de uma conta. A participação do segmento tradicional subiu 10,5% nos primeiros nove meses, chegando a R$ 1,7 trilhão. No alta renda, a variação positiva foi de 10,8%, alcançando patamar de R$ 1,3 trilhão em setembro. Já o private, que abrange os clientes com pelo menos R$ 3 milhões em aplicações, soma patrimônio líquido de R$ 1,9 trilhão, alta de 5,2% no acumulado do ano.
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Na comparação entre os tipos de instrumentos, o destaque ficou por conta dos títulos e valores mobiliários, que tiveram alta de 20,9% no acumulado do ano, chegando a R$ 2,3 trilhões. “O crescimento dos investimentos em títulos e valores mobiliários já vem sendo observado desde o período da pandemia, principalmente com o aumento da taxa de juros, que trouxe destaque para produtos como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). Nesse trimestre, a tendência se intensificou”, avalia Ademir Correa, presidente do Fórum de Distribuição da ANBIMA.
Queridinha dos brasileiros, poupança recua
A renda fixa segue como principal destino dos investimentos dos brasileiros, concentrando 60,6% do total, enquanto a renda variável responde por 17,6%.
A poupança, que representa 19,2% do montante alocado entre todos os produtos, registrou queda 4% na comparação entre dezembro, quando estava no patamar de R$ 989 bilhões, e setembro, quando chegou a R$ 948 bilhões.
“A poupança teve um forte crescimento, principalmente durante a pandemia de 2020/2021, quando foram feitos os pagamentos do auxílio emergencial e os gastos com itens supérfluos diminuíram de forma significativa. Em 2022, observamos uma reversão, após esse período, com captações líquidas negativas a cada trimestre”, analisa Correa.
Os CDBs respondem por 14,1% do total investido por pessoas físicas, seguidos por fundos multimercados, com 13,8%, e ações, com 13,2%. Em uma participação menor (6%), as LCAs registraram aumento de 62,7% no total, com R$ 113,1 bilhões, enquanto os LCIs (3,6%) cresceram 37,7% para R$ 48,8 bilhões.
"Por causa da alta de taxas de juros e uma busca por maior diversificação das carteiras, as LCAs e LCIs acabam se mostrando vantajosas pela isenção do imposto de renda”, explicou Correa.
Fundos multimercados e de ações caem puxados pelo varejo
O volume aplicado em fundos de investimento cresceu 1,5% no acumulado do ano, chegando a R$ 1,5 trilhão em setembro. A maior parcela está concentrada nos multimercados, com R$ 675,9 bilhões. A participação da classe, no entanto, caiu 1,3% no ano. O recuo em relação ao final do ano passado é explicado pelos resgates no segmento do varejo, que alcançaram R$ 8,9 bilhões nos primeiros nove meses de 2022.
Na renda fixa, onde estão aplicados R$ 497,3 bilhões, tanto o private quanto o varejo registraram aumento do volume, com variações positivas de 21% e 6,7%, nesta ordem.
Já a participação dos fundos de ações caiu 11,3% no ano, fechando setembro em R$ 190,4 bilhões, com saída de R$ 6,9 bilhões no private e de R$ 17,3 bilhões no varejo.
Centro-Oeste e Nordeste se destacam
Todas as regiões brasileiras registraram crescimento no patrimônio líquido nos primeiros nove meses do ano. O Sudeste concentra o maior volume de investimentos (67,4% do total), com R$ 3,3 trilhões, aumento de 7,6% no ano. Na sequência aparece o Sul, cuja participação total subiu 9,4% para R$ 840,5 bilhões.
Em termos de crescimento percentual, os destaques ficam por conta do Centro-Oeste, com alta de 14,6%, para R$ 257,7 bilhões, e o Nordeste, onde estão R$ 420,9 bilhões do total investido, ganho de 10,5% em relação ao final do ano passado.
Na região Sul, estão R$ 840 bilhões, variação positiva de 9,4% no total. A contribuição do Norte é de R$ 78,9 bilhões, alta de 8,5% na comparação com dezembro de 2021.
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A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.