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ANBIMA Summit: segundo dia de evento aborda cenário econômico no Brasil e no mundo e interesse de investidores estrangeiros por ativos de países emergentes

O segundo dia do ANBIMA Summit contou com debates de economistas sobre o cenário no Brasil e no mundo, além do interesse dos investidores estrangeiros por ativos de países emergentes. O evento, organizado pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) vai até sexta-feira, 29, e tem programação totalmente online e gratuita.

No início da manhã, o painel "O que está por vir no cenário econômico brasileiro" reuniu economistas do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA, que abordaram a piora acentuada das chamadas "condições financeiras" desde a última semana, quando o governo federal anunciou que pretende financiar um programa de transferência de renda com recursos fora do teto dos gastos. "O índice de condições financeiras já está no terreno contracionista e reduzimos a previsão do PIB (Produto Interno Bruto) para 0,4% em 2022, mas já não é descartada uma recessão. Podemos ter descontrole inflacionário e um quadro de estagflação", opinou Carlos Kawall, diretor da Asa Investments e ex-secretário do Tesouro Nacional.

O economista-chefe do Bradesco e moderador do painel, Fernando Honorato, pontuou que os eventos da última semana representaram um "ataque frontal" ao teto de gastos. Ao anunciar a criação do Auxílio Brasil, rompendo as regras do teto, o governo trouxe muita preocupação ao mercado, na visão da economista-chefe do Santander e ex-secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. "A regra do teto foi criada para controlar a inflação, dar potência à política monetária e fazer frente a uma crise severa, como a de 2015 e 2016, em que perdemos quase 7% da renda por irresponsabilidade fiscal", disse. Com os eventos da última semana, "podemos voltar a ter queda de renda, queda de PIB, pressões inflacionárias e perda de potência de instrumentos de política monetária", completou.

"O BC já vem com a missão de colocar a inflação na meta, mas os choques na expectativa da trajetória da dívida minam a eficácia dos instrumentos de política monetária. A estabilidade monetária precisa da âncora fiscal que foi minada na semana passada, o que tornou mais difícil a missão de trazer a inflação à meta em 2022 e 2023. Não é um ambiente bom para economia", disse Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Investimentos e ex-diretor do Banco Central.

Contexto global complexo e previsibilidade pós-pandemia são desafios para investidor estrangeiro
Controle da inflação, recuperação do crescimento, desemprego e retirada dos estímulos são pontos de alerta para a atração de recursos externos: esta é a visão dos economistas que participaram do painel "Por dentro da mente do investidor estrangeiro: o que pensa do Brasil e dos mercados emergentes".

Um dos focos do debate foi sobre as questões ligadas às pressões inflacionárias que afetam boa parte das economias no mundo. Para Valentín Carril, economista e estrategista chefe para a América Latina da Principal Internacional; Cassiana Fernandez, economista do J.P. Morgan; Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas; e David Beker, chefe de economia e estratégia para o Brasil do Bank of America e vice-coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA, que mediou o debate, há uma preocupação de investidores globais com a retomada pós-pandemia. Esses agentes também estão atentos em como cada país vai atuar para conter as pressões inflacionárias, estimular crescimento e reduzir o desemprego, sem comprometer o cenário fiscal.

"Vai ser muito difícil dizer no curto prazo se essa pressão inflacionária é transitória ou permanente. No fundo, chegaremos à conclusão que é uma mistura dos dois", afirmou Cassiana. Muitos países podem conviver com a inflação em níveis mais altos que os usuais por mais tempo sem abalar a credibilidade da política economia, outros não. Estes terão que retirar mais incentivos do que os que foram criados na pandemia, e de forma mais rápida. E com o gargalo de oferta ainda persistente, alguns países precisarão conter a demanda de forma mais enfática, disse.

Mesmo com a avanço da vacinação no mundo e com muitas sociedades retomando níveis de normalidade, alguns países mais atrasados e com tolerância menor aos casos de Covid-19, especialmente na Ásia, comprometem as cadeias globais de produção, tornando o processo de regularização de oferta mais demorado, destacou Marcela. "Durante a pandemia os bancos centrais mudaram o jeito de lidar com a inflação. O Federal Reserve (BC dos EUA), por exemplo, foi mais explícito sobre tolerar níveis de inflação mais altos. E isso pode desancorar expectativas", comentou.

A China é outro elemento que adiciona heterogeneidade ao desempenho dos emergentes. O país foi o primeiro a ser afetado pela pandemia, mas se recuperou rapidamente, e não enfrenta problemas com a inflação. Com isso, a expectativa é que as importações de commodities se mantenham, o que favorece países exportadores, dentre eles o Brasil, disse Valentín Carril. Ainda assim, segundo os economistas, o crescimento da segunda maior economia do mundo deve desacelerar nos próximos anos, impactando os emergentes, em especial os mais dependentes do ciclo de commodities, como o Brasil e seus vizinhos da América do Sul.

Na segunda parte do debate foram abordados os pontos que podem ditar o interesse do investidor por ativos emergentes, como a retomada do crescimento, o combate à inflação e a retirada dos estímulos monetários e fiscais. Para os economistas, os países vivem contextos diferentes, a depender do formato de suas economias e suas relações comerciais, e são as condições fiscais de cada um que vão determinar em que ritmo eles poderão reverter políticas de estímulo para conter a inflação, em meio a um quadro de crescimento global mais baixo.

"A inflação está alta em todo o mundo, mas quando ela sobe nos EUA acaba afetando todo os outros países, porque a inflação em dólar é mundial", comentou Valentín Carril. A resposta de grande parte dos bancos centrais do mundo, que subiram as taxas de juros, indica que este não é um problema temporário, embora alguns dos fatores de pressão de preços sejam momentâneos. "Isso significa que o aumento de juro vai acontecer e deve ser maior do que se esperava há seis meses", disse.

Nouriel Roubini espera cenário desafiador para economia global nos próximos anos
Economista conhecido por previsões pessimistas e que antecipou a crise financeira de 2008, Nouriel Roubini espera um cenário desafiador para a economia global nos próximos anos. No painel que encerrou a programação de terça-feira do ANBIMA Summit, ele relatou que aguarda uma alta relevante da inflação e crescimento mais baixo, prejudicando principalmente os países mais pobres.

Este cenário, que Roubini reconhece ser novamente pessimista, é válido para todas as economias. Mas os países emergentes e, mais especificamente as nações pobres, já sofrem com maior intensidade e serão possivelmente os mais impactados, o que deve ampliar as desigualdades. A pandemia colocou os países emergentes e pobres em situação mais vulnerável por não terem acesso a vacinas, além de seus sistemas de saúde serem menos preparados. Além disso, nações mais desenvolvidas tinham maior autonomia para promover políticas de estímulo à economia.

A recuperação das economias desenvolvidas foi mais rápida do que dos países em desenvolvimento, que sofreram com a depreciação das moedas e o aumento da inflação, forçando seus bancos centrais a subirem os juros. "Acabou a era da inflação baixa", disse.

Roubini listou nove choques de oferta que devem elevar os custos de produção e reduzir o potencial de crescimento global nos próximos anos. Em um primeiro momento, isso vai causar a inflação, e depois de desdobrar para estagflação. Veja quais são eles:

1. Desglobalização e protecionismo
2. Balcanização das redes globais de suprimentos
3. Envelhecimento das populações nos países desenvolvidos e em alguns dos principais emergentes
4. Restrições à migração dos países pobres para os ricos, como EUA e Europa, por razões políticas e econômicas
5. Tensões entre China e EUA, as duas grandes potências, que estão se aprofundando
6. Mudanças climáticas
7. Recorrência das pandemias por conta das mudanças climáticas
8. Aumento das guerras cibernéticas com ataques a empresas do mundo todo, afetando a produção
9. Reação contra desigualdade de renda que cresce nitidamente nas economias avançadas e emergentes


Programação desta quarta-feira (27 de outubro)
10h00: Gestão de recursos
• A evolução da indústria de investimentos
• O futuro da gestão de recursos
• Investimentos alternativos: o que são, onde vivem e como podem ser aliados do mercado
• Tecnologia a favor da gestão de recursos
• O que esperar da nova regulação de fundos

14h00: Internacionalização
• A agenda econômica que queremos
• Papo reto com investidores sobre produtos no exterior
• Democratização dos investimentos internacionais e benefícios para os investidores
• Globalização dos mercados: investimentos sem fronteiras

18h30: Mundo pós-pandemia
• Transformação no trabalho: tendências para não ficar para trás
• O futuro é logo ali, com Amy Webb

Clique aqui e inscreva-se para acompanhar o evento

 

Sobre a ANBIMA

A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.