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ANBIMA Summit: poder dos algoritmos encerra programação do quarto dia de evento

Algoritmos sempre foram usados pelas pessoas, mas agora passaram a ser aplicados em todos os serviços e atividades da sociedade de forma cada vez mais ampla, gerando desconforto para quem é afetado por eles. Para Cathy O’Neil, autora do best-seller "Algoritmos de destruição em massa", a sociedade precisa entender que os algoritmos têm um componente de opinião, e não somente de dados. A pesquisadora participou nesta quinta-feira, 28, de painel do quarto dia do ANBIMA Summit, realizado pela ANBIMA (Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais).

"No fim do dia, os algoritmos tratam de opinião embutida na matemática, uma opinião que aqueles por trás do algoritmo não querem que você veja para que acredite que ele é um instrumento objetivo. Imagine que isso serve para te intimidar", afirmou.

Atualmente, todo tipo de empresa usa algoritmos, seja para influenciar consumidores a demandar seus produtos em maior escala ou para definir como lidar com cada tipo de consumidor, por exemplo. "Toda vez que a gente transforma memórias do passado em uma base de dados formal, a gente muda a natureza dos algoritmos e os torna mais simples e mais estúpidos", disse Cathy. Para ela, os algoritmos estão sendo usados como fonte de poder em que as pessoas afetadas por eles não têm controle ou conhecimento de suas construções.

Rankings falhos - Cathy destacou casos em que rankings desconsideram elementos importantes no momento em que um consumidor escolhe um produto ou serviço. Um exemplo é a classificação das melhores universidades americanas, que movimenta muito dinheiro e esforço das famílias em oferecer as melhores oportunidades de estudo para seus filhos. Ela apontou que estas listas avaliam a qualidade do ensino, mas desconsideram um dos elementos de maior relevância para a decisão: o valor das anuidades.

Essa falha permitiu que faculdades e universidades pudessem agir ativamente para elevar suas posições nos rankings. Como consequência, o valor dos cursos aumentou significativamente, sem que a qualidade real do ensino evoluísse na mesma proporção.

"Estes algoritmos estão destruindo a vida de pessoas que precisam passar pela burocracia que eles impõem", alertou a especialista. "É preciso fazer mais e melhor em nível internacional. Eles precisam se mostrar úteis e seguros antes de serem usados, como são as vacinas".

Modelos de aconselhamento para os investidores coexistem
A programação de quinta-feira do ANBIMA Summit também foi marcada pelo debate sobre os modelos de aconselhamento financeiro aos investidores. Para especialistas, em bate-papo mediado por Patrícia Palomo, diretora da Sonata Gestão de Patrimônio, muitos deles coexistem: o apoio aos clientes é feito pelos gerentes de bancos, pelos agentes autônomos de investimento (AAI) e pelos consultores de investimento.

Os profissionais consideraram que a migração dos investidores para o modelo de AAI ou consultores de investimento deve continuar, mas divergiram sobre qual dos dois pode ganhar mais terreno: "É muito difícil entender qual vai ser a evolução do mercado", afirmou Marcelo Flora, sócio do BTG Pactual. Por conta disso, ele disse que o banco tem a plataforma preparada para lidar com todos os tipos de intermediários (AAI, consultores e correspondentes bancários e cambiais). Flora disse que o cliente deve escolher o modelo que melhor se adapte aos seus interesses e que, na prática, percebe que o investidor coloca em primeiro lugar o tipo de relacionamento que foi desenvolvido junto ao AAI, já que a confiança é parte importante da jornada de investimentos.

A discussão se dá porque os AAIs e os consultores têm diferentes modelos de atuação. Enquanto o consultor é remunerado diretamente pelo cliente, o AAI é remunerado pelo gestor de recursos ou pela instituição financeira (por meio de rebates das taxas), o que levanta a questão do conflito de interesse - uma possibilidade seria a de ele indicar o produto que lhe remunera melhor, em vez de indicar o mais adequado ao cliente.

Bruno Ballista, head de assessoria e relacionamento com clientes da XP Investimentos, considera que, embora haja a discussão sobre o alinhamento de interesses, há equívocos no entendimento do assunto, já que as corretoras têm capacidade de proteger o interesse dos clientes por meio de processos como o suitability e o "know your client".

Já para Tito Gusmão, CEO da Warren, o modelo de consultoria é sem dúvidas o melhor para os investidores: "Você preferiria ir ao médico que ganha comissão pelo remédio que indica ou que cobra consulta?", perguntou. Como os consultores não recebem rebate, ele considera que sempre indicam os produtos mais adequados para o perfil e objetivo do cliente. "É um modelo à prova de bala", disse.

Gusmão acredita que, no Brasil, poderá acontecer o mesmo que ocorreu nos Estados Unidos: preponderância do modelo de consultoria. Hoje, são apenas cerca de 650 consultores de investimento registrados na CVM - número muito pequeno frente aos 12 mil AAIs e cerca de 500 mil profissionais de bancos com algum tipo de certificação.

Gusmão disse que, nos Estados Unidos, o modelo do broker (que equivale ao nosso AAI) era preponderante até 2008, mas que essa situação mudou após a crise e que os Registered Investment Advisors (os RIAs, que são equivalentes aos nossos consultores) passaram a ser a maioria e a responder por ¾ do mercado. O executivo considera que no Brasil há o desafio cultural de pagar pela consultoria, mas que, quando o cliente entende que o consultor vai indicar o melhor produto para ele, pois há alinhamento de interesses, dificilmente troca de modelo.

Flora, do BTG, considera que há ainda um potencial gigantesco de crescimento do número de AAIs, e que o principal motor deve ser a mudança de profissionais que trabalham em bancos. Ele acredita que o Brasil pode chegar facilmente a cerca de 30 a 50 mil AAIs nos próximos anos, dado o ambiente propício. Flora lembrou que, em 2014, mais de 95% da riqueza das famílias brasileiras estava concentrada em cinco bancos - percentual que hoje é de 85%. A sua convicção é que o número de AAIs deve crescer bastante, pois essa riqueza será dividida entre mais participantes à medida que a fatia dos maiores bancos se reduz. Todo esse movimento deve atrair profissionais de bancos para a profissão de AAI, espera o executivo.

Educação financeira e customização da experiência são apostas para ampliar o número de investidores
Internet, mídias sociais e plataformas digitais de bancos e corretoras democratizaram o acesso dos brasileiros a conteúdos sobre finanças pessoais e investimentos em anos recentes. O resultado é que um número cada vez maior de pessoas passou não apenas a investir como também a diversificar suas carteiras. O movimento de ampliação de investidores e de diversificação das carteiras é considerado irreversível, mas há desafios pela frente para engrossar os números, como reforçar as ações de educação financeira, aprimorar a jornada digital e customizar a oferta aos investidores. As indicações são dos especialistas que participaram do painel "Análise do investidor e suas tomadas de decisões".

"O cenário mudou muito. As mídias sociais popularizaram o tema de investimentos, as pessoas buscam informações e houve uma democratização do acesso aos produtos", disse Michelli Gobi, gerente de Planejamento e Compliance do Banco do Brasil. Mais conhecimento, mais diversificação. A executiva citou dados da B3, mostrando que, em 2019, comemorava-se a marca de um milhão de investidores pessoa física na bolsa. No fechamento do primeiro semestre de 2021, esse número chegou a 3,8 milhões de CPFs. "Isso mostra o quanto o investidor busca a diversificação do seu portfólio. A própria evolução da regulação e da autorregulação do suitability (questionário de perfil de risco) traz segurança ao mercado para ofertar produtos que atendam as necessidades do investidor", disse.

De acordo com Romildo Valente, head de Investimentos do C6 Bank, o movimento de diversificação, apoiado pela popularização dos investimentos nos canais digitais de bancos e corretoras, é irreversível. "Estamos em um momento de grande experimentação, com consumidores acessando produtos e serviços que há cinco anos eram exclusividade de grandes investidores", disse. Ele citou que existem hoje na B3 mais BDRs (Brazilian Depositary Receipts) listados do que papéis de empresas locais - 700 contra 400, aproximadamente. "Isso significa que um investidor iniciante pode, com R$ 6, comprar o papel de uma empresa de healthcare do meio-oeste dos EUA".

O especialista entende que ainda existem desafios relacionados à jornada puramente digital dos investidores. "Vejo um desafio menos ligado à carência de produtos e mais da experiência do cliente e da abordagem de recomendação de investimentos. É grande o número de pessoas sem noção de como constituir uma reserva de emergência com produtos que existem hoje", afirmou. Dessa forma, é preciso buscar um entendimento particular do investidor, seus anseios e objetivos, e tratá-lo de forma personalizada. "A visão é abordá-lo com uma proposta de carteira de investimentos e não de produtos, com um portfólio customizável aos seus objetivos", disse.

Citando dados da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, o superintendente de Comunicação, Educação e Certificação da ANBIMA, Marcelo Billi, lembrou que metade das pessoas da classe C não investiu em produtos financeiros em 2020. Questionada sobre as possíveis soluções para fazer frente a esse cenário, a CEO da Barkus Educacional, Bia Santos, entende que é preciso fomentar uma educação financeira que trabalhe aspectos comportamentais, como controle do dinheiro, organização das finanças e criação de objetivos de curto, médio e longo prazo - que culminarão no desenvolvimento de uma cultura de investimentos.

Para Michelli Gobi, do BB, o desafio para atender essa parcela da população é menos relacionado a produtos e mais à jornada, o que passa por reforço em ações de educação financeira. "Temos fundos multimercados com investimento no exterior com ticket de um centavo. O problema não é produto", disse. É preciso, assim, romper o tabu e a barreira cultural de que investir é só para quem tem dinheiro, buscar uma mudança cultural para incentivar o planejamento financeiro e tornar o investimento um hábito do dia a dia. "Além de produto e educação financeira, é preciso também ter profissionais capacitados acompanhando os investidores iniciantes", concluiu.

Influenciadores digitais dão escala à educação financeira
As redes sociais adquiriram um status que vai muito além do espaço para relacionamentos interpessoais. Empresas, instituições e influenciadores passaram a usar a rede para levar informação, educar e se se aproximar de milhões de seguidores. No mundo dos investimentos, o trabalho de educação financeira não é novidade e vem sendo desenvolvido há anos pelas entidades e demais participantes do mercado. Mas quem tem feito esta iniciativa ganhar escala são os influenciadores digitais, que transformam o mundo dos investimentos e seus jargões em algo acessível ao grande público.

O universo de influenciadores que abordam o tema é enorme e tem dado uma importante contribuição para difundir a conceitos de investimentos. "A ANBIMA acompanha 266 influenciadores que falam sobre o tema nas redes sociais e alcançam mais de 70 milhões de seguidores", comentou Aquiles Mosca, coordenador do Grupo Consultivo de Educação da Associação e diretor Comercial de Marketing e Digital do BNP Paribas Asset, que conduziu o painel "Cara a cara com os influenciadores".

Ponto comum do trabalho realizado pelos influenciadores que falam sobre investimentos é a tradução da linguagem do mercado. "O brasileiro quer investir e de forma descomplicada. Eu procuro dar muitos exemplos e simplificar a linguagem, evitar jargões. Ele precisa perder o medo e começar a investir", comentou a influenciadora Carol Dias, do canal Riqueza em Dias.

Outro tema abordado no encontro dos influenciadores foi o cuidado em informar os seguidores, sem dar recomendações. Para o influenciador Tiago dos Reis, da Suno Research, é preciso separar o criminoso, que divulga esquemas de pirâmides, do trabalho do influenciador, mesmo entre aqueles que "vendem sonhos". "Na prática, isso é mais leve. Tem um grupo que vende curso prometendo ganho rápido, associado a day trade. Nas minhas colocações procuro trazer dados, pesquisas e mostro, por exemplo, que 90% de quem opera day trade não consegue resultado", explicou Reis. O influenciador ponderou, contudo, que vê um papel importante nestes vendedores de curso. "Eles acabam sendo a porta de entrada na bolsa. O investidor provavelmente não obterá aquele sucesso prometido, mas vai dar seus primeiros passos no mundo dos investimentos".

Para Ana Magalhães, do canal Explica Ana, é importante lembrar que a recomendação de um investimento é proibida e que os reguladores estão atentos. "Tento fazer o conteúdo financeiro sobre o que são os produtos, os riscos envolvidos e deixar claro que há razões externas que podem atrapalhar a rentabilidade. A indicação do ativo tem sido cada vez mais fiscalizada pela CVM, que está de olho na gente. É uma novidade para todos".


Programação desta sexta-feira (29 de outubro) - tarde
14h: Sustentabilidade
Uma agenda ASG made in Brazil
Precisamos falar de diversidade no mercado financeiro
Por que ASG importa para os investimentos?

Sobre a ANBIMA

A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.