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ANBIMA Summit: agenda econômica, investimentos no exterior e tendências para o futuro completam programação do terceiro dia de evento

Em painel do ANBIMA Summit desta quarta-feira, 27, Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset criticou a forma de financiamento do Auxílio Brasil pelo governo federal, desrespeitando a regra do teto de gastos. O evento, realizado pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) é totalmente online e ainda tem programação hoje e amanhã.

“Precisamos separar uma demanda social legítima de uma demanda eleitoreira de quem está no poder. Se o governo pensasse de verdade no social, daria auxílio emergencial por mais um ano”, disse. Em um bate-papo com a jornalista Catherine Vieira, Stuhlberger lembrou que o Bolsa Família tem um custo aproximado de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) e seu substituto, o Auxílio Brasil, custará o dobro disso aos cofres públicos – e de forma permanente. “Aumentamos em 0,5% do PIB as despesas adicionais em um momento difícil (das contas públicas) que estamos passando. Aumentar os gastos na perpetuidade e romper o teto dessa forma ficou uma coisa muito pior”, disse, completando: “se fosse o mesmo valor apenas em aumento (temporário) de auxílio, o mercado não estaria no pânico que está”, diz.

Stuhlberger lembrou que, no início da pandemia, a expectativa era que o Brasil encerrasse 2022 com uma relação dívida/PIB em torno de 95%, em um cenário de aumento de gastos do governo com medidas de socorro a empresas e cidadãos (a exemplo do auxílio emergencial). Hoje, projeta-se que o indicador encerre o ano em 79% - alinhado às projeções de 80% feitas ainda antes da eclosão da crise sanitária. “Isso mostra que o track record fiscal do governo era muito bom. Se imaginarmos que com tudo o que enfrentamos a dívida está estável, é um milagre o que aconteceu com o Brasil. Haveria espaço fiscal em 2022 para a expansão do auxílio sem criar um problema para a perpetuidade como foi feito”, afirmou.

O olhar do mercado - À medida em que o governo joga os gastos para perpetuidade e rompe o teto, “evidentemente o mercado reage porque questiona se o Brasil será ou não capaz de pagar sua dívida”, opinou o gestor.

O baile da inflação - O mercado olha o futuro e não o passado, disse Stuhlberger, e a quebra do arcabouço fiscal levou a uma piora acentuada das condições financeiras desde a última semana. Esse cenário contamina ainda mais os índices de inflação, já bastante pressionados. Para Stuhlberger, a inflação “deu um baile” no mercado, nos economistas e no BC.
 

Mudanças na regulação devem facilitar o acesso a investimentos no exterior

O interesse dos brasileiros por investimentos no exterior vem crescendo de forma acelerada e a expectativa é que mudanças na regulação tornem esse tipo de aplicação bem mais comum e fácil. A popularização de investimentos lá fora foi tema do painel “Democratização dos investimentos internacionais e benefícios para os investidores”.     

O Brasil está atrasado e a penetração de investimentos internacionais na sociedade ainda é pequena, considerou Roberto Lee, CEO da Avenue Securities. “Mas a atração é crescente e acelerada. São, atualmente, cerca de 500 mil brasileiros com exposição direta aos mercados americanos”, informou. Lee disse que, desde o ano passado, o crescimento das aplicações de brasileiros no exterior tem sido muito forte e que há algumas peculiaridades nesse movimento. Antes, o acesso aos ativos internacionais ficava restrito a determinados segmentos de investidores. Hoje, eles também estão acessíveis ao público de varejo.

Daniel Celano, country head da Schroders Brasil, considera que as travas que limitam o acesso do investidor comum aos ativos no exterior vão reduzir à medida que o mercado ganhe mais segurança. Ele pontua que os diferentes reguladores – CVM, Susep (Superintendência de Seguros Privados) e Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) – poderiam harmonizar suas respectivas regulamentações a respeito do tema, conferindo mais flexibilidade para os investidores e dando mais celeridade às mudanças.

Marcus Vinicius Gonçalves, CEO da Franklin Templeton Brasil, afirmou que a indústria também precisa reduzir os custos, de forma a criar escala. Ele lembrou que o Brasil tem mais de 700 gestoras, mas que os custos para o público em geral ainda não são competitivos e que, para popularizar os investimentos, é necessário atacar esse problema.

Educação financeira – Até que todo esse cenário de maior acesso aos produtos externos se torne uma realidade, os debatedores consideram que a própria indústria ainda precisa avançar bastante quando o tema é a educação financeira. “A indústria tem que focar e ajudar a explicar o que quer dizer investimento internacional”, afirmou George Kerr, country head da Compass Brasil. Ele considera que é necessário democratizar a educação financeira e explicar os benefícios trazidos por outros tipos de investimento.

Giuliano De Marchi, responsável pela área de asset management do J. P. Morgan para América Latina, afirmou que os investidores vão precisar buscar informações em fontes confiáveis, e que aqueles que não estão investindo no exterior estão deixando dinheiro na mesa: “investimento no exterior não é bicho de sete cabeças”, concluiu.

 

Internacionalização dos investimentos é ainda mais importante em mercados emergentes

A diversificação dos investimentos entre países, indústrias, companhias e moedas traz como principal benefício a construção de um portfólio mais ajustado em termos de risco e retorno, e isso é especialmente verdadeiro para os mercados emergentes. Essa foi a análise da professora Scheherazade Rehman, da Universidade de George Washington, durante o painel “Globalização dos mercados: investimentos sem fronteiras”, em conversa, mediada pelo advogado Fábio Cepeda, sócio do Cepeda Advogados. 

Scheherazade lembrou que quando os países emergentes são atingidos por crises, os investidores domésticos tendem a sofrer mais nos mercados isolados, nos quais a recuperação pode levar anos em vez de meses. Por isso, ela considera que prender os investidores apenas no mercado local é um desserviço no mundo globalizado, especialmente para os investidores dos países emergentes, e que os reguladores devem ter abordagens mais flexíveis, considerando a popularização da internet e o maior acesso à informação. 

Riscos - Scheherazade disse que, além dos benefícios para os investidores, a aplicação no exterior cria oportunidades de funding para empresas, barateia o financiamento e aumenta a transparência do mercado. Apesar de todas essas vantagens, ela pontuou que há riscos e que os principais são os digitais, ligados à cibersegurança. A preocupação com esse tema aumentou após a pandemia de Covid-19, que acelerou o desenvolvimento tecnológico em três a cinco anos, com a migração dos modelos de negócios para o digital. Essa situação também ampliou as notificações de fraudes  

A professora disse ainda que a indústria de serviços financeiros deve reconhecer que os hackers sempre acharão um modo de explorar vulnerabilidades e que a construção de um “firewall” é a primeira frente de defesa. Segundo ela, os estudos mostram, entretanto, que o comportamento humano é a parte mais fraca da cibersegurança.

Scheherazade enxerga como tendência a implementação dos aspectos ESG nas estratégias das empresas – tendência que ela considera que está aqui para ficar, especialmente se for considerado que as novas gerações estão dando mais peso ao tema. Outros movimentos, disse a professora, são a disrupção digital (trazida por tecnologias como o 5G e a inteligência artificial) e o dinheiro digital (como as criptomoedas).

 

Para Amy Webb, vem aí a 'década sintética'

A programação do ANBIMA Summit de quarta-feira foi encerrada com um painel da futurista Amy Webb, fundadora da consultoria Future Today Institute. Para ela, os líderes de empresas devem estar atentos não apenas às tendências do futuro, mas também “ensaiá-lo” e se perguntar quais serão os impactos das mudanças em seus negócios. A discussão também contou com a participação de Ronaldo Lemos, advogado especialista em tecnologia.

Amy abordou tendências em três aspectos (mídia, finanças e biologia), que são de longo prazo e costumam ficar fora do escopo dos líderes. Para ela, essas tendências estão de acordo com o que chama de “década sintética”: “Nos próximos dez anos, vamos começar usar tecnologia para sintetizar e aprimorar vários aspectos da vida cotidiana. O mundo de negócios vai usar essas tecnologias para sustentabilidade e objetivos ESG, e isso vai ter grande impacto sobre o setor financeiro”, afirmou.

Com relação à “mídia sintética”, exemplos são os aplicativos que criam ou modificam vozes, imagens e gestos, e tecnologias mais avançadas como a inteligência artificial, aprendizagem da máquina e linguagem natural (pela qual é possível gerar imagens as partir de textos ou comandos de voz, por exemplo).

Outro possível uso da “mídia sintética” é a criação de humanos “sintéticos” ou digitais (avatares) que interagem, treinam e conversam com as pessoas reais. Ou, ainda, os óculos inteligentes (“smart glasses”) desenvolvidos por companhias como Facebook e Google, que, por meio da realidade aumentada usam filtros para modificar o modo como as pessoas se enxergam e veem o mundo, ou, da realidade reduzida, permitem a retirada de objetos ou pessoas do campo de visão. Trazendo essas tecnologias para o mundo dos negócios, Amy disse que os executivos devem tentar refletir sobre possíveis novos tipos de riscos, como elas mudam a jornada do consumidor, e como podem ser usadas para melhorar a produtividade ou o alcance das metas ESG.

Finanças sintéticas — Com relação às “finanças sintéticas”, ela considera que algumas tendências que precisam ser observadas são o aumento dos investimentos em criptomoedas e o ativismo dos investidores – um exemplo foram as compras coordenadas de ações da empresa americana Game Stop, que visavam provocar prejuízo em fundos de investimento vendidos no papel. Amy disse que essas tendências devem levar os executivos a se perguntar, por exemplo, o que aconteceria se houvesse uma mudança de comportamento dos investidores, ou seja, quais seriam os impactos se eles deixassem de contribuir para a previdência privada ou para fundos de investimento e aplicassem tudo em criptomoedas. Isso quebraria os modelos preditivos dos investidores institucionais?, questionou.

A futurista pontuou que a tecnologia está evoluindo mais rápido que os reguladores, o que traz desafios sobre como taxar novos investimentos. Algumas questões que os líderes da área podem se perguntar são os impactos das finanças descentralizadas (DeFi), as criptomoedas e tokens, como a incerteza acerca da regulação dessas novidades impacta a todos e para onde o crescimento deve se dirigir. Amy considera que há enormes oportunidades em investimentos temáticos para investidores de longo prazo. 

Mas a tecnologia que deve trazer mais mudanças e implicações sobre a sociedade é o da “biologia sintética”, disse a futurista. Trata-se do redesenho de organismos e a programação de estruturas biológicas. Um exemplo é a produção de carne em laboratório, que consome de 35% a 60% menos energia.

 

Programação desta quinta-feira (28 de outubro) – tarde e noite 

14h: Aconselhamento e suitability
Raio X do Investidor Brasileiro
Análise do investidor e suas tomadas de decisões
Oferta de produtos: pela qualificação ou pelo perfil do investidor?
What's up: diferentes modelos da atividade de aconselhamento 

18h30: Influenciadores e algoritmos
Cara a cara com os influenciadores que falam de investimentos
A era dos algoritmos vai melhorar nossa vida?, com Cathy O’Neil
Gestão quantitativa: como a ciência e a tecnologia podem auxiliar no processo de alocação de ativos (oferecimento Bradesco Asset)

Clique aqui e inscreva-se para acompanhar o evento

 

Sobre a ANBIMA

A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento. Ao longo de sua história, a Associação construiu um modelo de atuação inovador, exercendo atividades de representação dos interesses do setor; de autorregulação e supervisão voluntária e privada de seus mercados; de distribuição de informações que contribuam para o crescimento sustentável dos mercados financeiro e de capitais; e de educação para profissionais de mercado, investidores e sociedade em geral.