Afinal, tudo pode ser tokenizado?
A tokenização - transformação de ativos “fisicos”ou direitos de propriedade em ativos digitais negociáveis em ambientes de finanças descentralizadas (DeFi) - usa a tecnologia blockchain como infraestrutura para deslanchar a economia dos criptoativos, garantindo a segurança, o registro das transações ao longo da vida e a prova de propriedade. Na prática, o software entra substituindo intermediários tradicionais nessas transações.
As possibilidades são infinitas. De fundos de capital de risco, títulos, commodities, créditos de carbono, propriedades imobiliárias e obras de arte, a ativos diferentes como equipes esportivas, cavalos de corrida, material produzido por celebridades e incentivos. A blockchain permite, por exemplo, fracionar um bem e negociar seus tokens em um ambiente de finanças descentralizadas, o que reduz as barreiras de entrada nos mercados.
É importante diferenciar criptomoedas e tokens. As primeiras, como o bitcoin, são nativas às redes blockchain, servindo para financiar seu funcionamento. Já os tokens são construídos sobre blockchains pré-existentes, regidos pelos contratos inteligentes e não necessariamente têm papel de moeda.
Do ponto de vista das oportunidades financeiras da tokenização, as perspectivas são otimistas. O número mágico é de US$ 24 trilhões em 2027. Os analistas da Finoa usaram dados do Fórum Econômico Mundial (WEF) e consultorias como Deloitte e McKinsey, chegar ele, que representaria 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global armazenado e transacionado com a ajuda da tecnologia blockchain no período.
Não por acaso, blockchain e tokenização têm sido colocados como forças motrizes da Web3, apontada como o futuro da Internet e das finanças. A propriedade dos tokens é rastreada em uma rede blockchain, que cria um registro permanente. A blockchain registra as transações dos tokens entre os participantes do mercado. E os contratos inteligentes (smart contracts) determinam as regras de negócios às quais os tokens estão sujeitos.
A rede Ethereum tornou fácil e barato emitir um token com apenas algumas linhas de código, regido por um contrato inteligente simples e sem a necessidade de construir uma infraestrutura de blockchain própria.
“O mundo será tokenizado”, escreve Leemon Baird, criador da DLT (tecnologia de registro distribuído) Hashgraph, cofundador e CTO da Swirlds Inc., em um artigo para a Nasdaq. “Assim como a invenção dos computadores levou à migração de dados do papel para os bancos de dados, essas tecnologias da Web3 farão com que os ativos sejam tokenizados, rastreados e negociados”, diz Baird.
Por que tokenizar?
Se você está na dúvida, ou procura argumentos para começar uma experimentação em tokenização, talvez esses pontos possam ajudar:
- Eficiência Operacional – A tokenização de ativos ajuda na automação do simples envio ou recebimento de liquidações e liberação de transações, garantindo transações mais rápidas.
- Divisibilidade de Ativos – A conversão de ativos em frações, permite melhores perspectivas de liquidez, reduz barreiras de entrada de novos investidores e viabiliza o conceito de propriedade compartilhada.
- Transparência – Blockchain oferece o benefício da transparência e rastreabilidade por padrão, uma vez que todas as transações em uma rede são acessíveis a todos os participantes da rede.
- Preços justos – A tokenização de ativos aumentaria a liquidez de um ativo, pois facilita a propriedade fracionada, o que elimina os descontos por iliquidez. Além disso, a venda de pequenas frações de propriedade permite aos proprietários cobrar um preço justo de mercado.
- Custos de gestão reduzidos – Se você optar por tokenizar um ativo e utilizar uma plataforma ou mercado descentralizado, ele automatizará muitas partes desse processo, economizando tempo e custo.
- Períodos de bloqueio mais curtos – A tokenização de ativos tem o potencial de encurtar períodos de bloqueio e os investidores não precisam esperar anos para realizar lucros ou prejuízos.
- Identidade segura – Com os detalhes de propriedade e identidade descentralizada (DID) mantidos no blockchain, um par de chaves públicas e privadas dos compradores forma uma assinatura digital garantida.
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Para o seu radar
- Já está traduzido para o português o livro “Token Economy: Como a Web3 está reinventando a internet e a relação entre os agentes econômicos”, da austro-iraniana Shermin Voshmgir, fundadora da Token Kitchen e do BlockchainHub Berlin, e ex-diretora do Research Institute for Cryptoeconomics da Universidade de Economia de Viena.
- Um bom “trailer” sobre o livro é o artigo de Shermin Voshmgir, publicado pela O’Reilly Media, no qual ela apresenta as perspectivas mais importantes da Token Economy e as propriedades dos tokens.
- A The Shift lançou recentemente um especial sobre Tokenização, com exemplos de uso, tendências e informações mais técnicas sobre sua criação. Vale conferir.
- Vale assistir: a entrevista recente dada por Vikesh Patel, líder de Securities Strategy da SWIFT, sobre experimentos com tokenização, no evento PostTrade 360° Stockholm 2022, realizado em março.