Fake news atingiu outro patamar nos dias de hoje
Ronaldo Lemos, expert em mídia e tecnologia, falou sobre o que mudou do passado para agora e os impactos dessas notícias na sociedadeO consumidor de informações (notícias, vídeos etc) se tornou também produtor de conteúdo. Essa mudança no ecossistema de como a informação é produzida expandiu as fake news. “Além disso, houve o advento da inteligência artificial e dos bots, que levaram essa disseminação de notícias falsas a um outro patamar”, disse Ronaldo Lemos, advogado, professor e pesquisador brasileiro, durante apresentação nesta terça-feira (4) no Congresso Brasileiro de Mercado de Capitais. O tema tem agitado os cenários político e empresarial em todo o mundo e ganha forças no Brasil em plena corrida eleitoral.
Alimentadas pelas redes sociais, as fake news atingem as esferas pública e privada, com consequências sobre os negócios e sobre o mercado de capitais. Politicamente, o caso mais famoso envolveu a última eleição presidencial americana, em que a campanha de Donald Trump é acusada de ter feito uso desse artifício contra a candidata democrata Hillary Clinton.
Ele citou também o professor Jonathan Albright, de Columbia, para quem o debate sobre fake news é muito mais complexo que o modo como vem sendo tratado: estamos falando de uma indústria global que se formou para disseminar propaganda de natureza inflamatória, batizada de "máquina de micropropaganda".
Segundo Lemos, hoje há uma constelação de empresas desconhecidas, grandes e pequenas, que monitoram e vigiam os hábitos e preferências políticas dos usuários, sem nenhuma consideração à privacidade ou a limites éticos. “Um grupo de garotos da Macedônia produzia informações falsas para divulgar no mercado americano. E não porque tivessem preferência por um candidato ou por outro, mas simplesmente porque dava dinheiro”, exemplificou.
Uso dos robôs contra as fake news
Mas nem tudo está perdido - o próprio uso da inteligência artificial pode ajudar a combater as fake news. “Há projetos como o ‘Pegabot’, que ajuda você a descobrir se aquele perfil é real ou trata-se de um robô. Tudo feito por meio de análises probabilísticas”, diz.
Outros exemplos de bom uso dos bots são aqueles que avisam os moradores da Califórnia, por exemplo, sobre a ocorrência de abalos sísmicos ou ainda o brasileiro "Serenata de Amor", que tuita automaticamente gastos de parlamentares do Congresso Nacional.