Desenvolvimento do mercado de capitais é prioridade para a nova Diretoria
Carlos Ambrósio assume a presidência da ANBIMA reafirmando o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do mercado de capitais. Ele destaca ainda o desafio de representar diversos segmentos e tipos de instituições
O fortalecimento do mercado de capitais é a prioridade da Diretoria da Associação para os próximos dois anos. Em entrevista ao Portal ANBIMA, o novo presidente, Carlos Ambrósio, fala sobre os desafios que tem pela frente, as mudanças em curso no mercado de capitais e como a ANBIMA vem se preparando para elas.
Ele também destaca a necessidade de estimular e viabilizar o envolvimento de um número cada vez maior de associados no processo de geração de pautas e propostas da Associação. “Assim, teremos a certeza que a nossa pauta está alinhada ao mercado”, afirma.
Primeiro presidente vindo de uma gestora independente, ele afirma que sua eleição “só confirma o quanto a Associação é democrática e o quanto ela reflete a indústria como um todo”.
Confira a íntegra da entrevista:
Portal ANBIMA: O que mudou na Associação desde que você passou a integrá-la?
Carlos Ambrósio: Estou na ANBIMA desde sua criação, em 2009, mas, antes, já fazia parte da Anbid. Depois da fusão da Anbid com a Andima foi nítido o aumento do escopo de trabalho da Associação – hoje ela representa um universo muito maior de participantes do mercado. No início, o foco estava na indústria de fundos, mas fomos expandindo e ganhando uma atuação mais ampla no mercado de capitais, incluindo outros segmentos de negócios, como a distribuição dos produtos, além das diferentes modalidades de gestão. Essa evolução nos obrigou a buscar o alinhamento dos interesses do mercado em pautas mais complexas, mesmo em situações de potenciais divergências. O desafio estes anos tem sido administrar esta dinâmica: representar um número cada vez maior de segmentos de mercados com um número maior de participantes.
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Portal ANBIMA: E em relação aos mercados, quais mudanças você destaca neste período?
Carlos Ambrósio: É notável o amadurecimento do mercado de capitais ao longo destes anos, com um ganho significativo de participação frente a outras fontes de financiamento de longo prazo. Os desembolsos via mercado de capitais já superaram os do BNDES nos últimos dois anos. Também é perceptível a evolução da indústria de fundos, com a criação de novos produtos, como os estruturados, e com o desenvolvimento dos gestores independentes. Na parte de distribuição, as plataformas se abriram, foram desenvolvidas estruturas independentes e surgiram novos gestores de patrimônio, por exemplo. É muito gratificante ver como a ANBIMA soube acompanhar todas essas mudanças e como a Associação ganhou relevância durante esse processo de evolução do mercado.
Portal ANBIMA: Quais grandes tendências você apontaria para o mercado de capitais?
Carlos Ambrósio: Recentemente temos acompanhado o surgimento das plataformas eletrônicas, incluindo as de crédito, além dos bancos digitais. Já estamos olhando para essas inovações e estudando como aproximá-las cada vez mais da Associação.
Portal ANBIMA: É a primeira vez que um representante de uma gestora independente assume o comando da ANBIMA. O que essa mudança representa para a Associação?
Carlos Ambrósio: Isso só confirma o quanto a Associação é democrática e o quanto ela reflete a indústria como um todo. Representamos os interesses de todo o mercado.
“É notável o amadurecimento do
mercado de capitais, com ganho de
participação frente a outras fontes
de financiamento de longo prazo”
Portal ANBIMA: Temos hoje mais de 260 associados, mas apenas a metade deles faz parte dos comitês. Como garantir a representatividade e assegurar que os interesses de todos sejam atendidos?
Carlos Ambrósio: Discutimos internamente como dar cada vez mais divulgação e transparência à pauta da Associação, desde como ela é construída até como são estabelecidas as prioridades. Normalmente, as pautas da ANBIMA são definidas a partir das discussões do nosso planejamento estratégico e a partir de demandas do próprio mercado. Ainda estamos estudando formas de deixar essa comunicação cada vez mais clara aos associados – esta é uma prioridade desta gestão.
Portal ANBIMA: Entre as iniciativas do ANBIMA+5, quais são as prioridades para as frentes de representar e autorregular?
Carlos Ambrósio: Como representante do mercado, o desafio é trabalhar pelo engajamento de um número cada vez maior de associados. Assim, teremos a certeza que a nossa pauta está alinhada à do mercado. Na autorregulação acabamos de passar por uma transformação importante: mudamos o eixo das regras de produto para atividade. Agora, o desafio é acompanhar o andamento disso, principalmente no que se refere à supervisão. Temos dois novos códigos – o de Distribuição e o de Administração de Recursos de Terceiros – e a criação deles teve como preocupação definir melhor os papéis de cada agente. Isso implica olhar para condutas e responsabilidades, o que envolve alguma subjetividade. A nossa supervisão precisará se adaptar a isso, que é bem diferente de monitorar o cumprimento de regras prescritivas.
“O desafio é trabalhar pelo
engajamento de um número cada
vez maior de associados”
Portal ANBIMA: Qual é a sua visão para a educação financeira, que é uma das bandeiras da ANBIMA?
Carlos Ambrósio: A educação financeira é fator-chave para o desenvolvimento dos mercados e para fomentar a poupança de longo prazo. Para a ANBIMA, é um compromisso assumido publicamente com os associados e com a sociedade. Recentemente, redefinimos nossa atuação para o pilar educação, olhando para três grandes grupos: profissionais do mercado, investidores e público em geral, com um conjunto específico de iniciativas para cada um deles. Para os profissionais, continuaremos atuando por meio de estímulo à qualificação, com as certificações e a educação continuada. Com os investidores queremos ampliar nosso papel educativo. Para isso, estamos nos reposicionando nas plataformas digitais com conteúdo educativo e de conscientização, consolidando a ANBIMA como referência de informações sobre investimentos. Também queremos entender melhor a cabeça e as motivações dos investidores, com a ajuda de pesquisas qualitativas e quantitativas. Nosso trabalho com a sociedade envolve a participação em fóruns nacionais sobre o tema e o apoio aos programas nacionais de educação financeira, ao lado de instituições como a CVM e o Banco Central.
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Portal ANBIMA: O que os associados podem esperar do seu mandato?
Carlos Ambrósio: Meu objetivo é que a ANBIMA olhe cada vez mais para os interesses dos associados. Assim, conseguiremos avançar nas contribuições ao desenvolvimento dos mercados que representamos.